O ministro do Interior, Antoine Diome, disse que nove manifestantes morreram na capital Dacar e na cidade de Ziguinchor, no sul.
Pelo menos nove pessoas foram mortas no Senegal em confrontos entre a tropa de choque e apoiadores do líder da oposição Ousmane Sonko após um tribunal condená-lo a dois anos de prisão, informou o Ministério do Interior do país.
Os confrontos começaram após o veredicto de quinta-feira, que pode desqualificar Sonko, o mais feroz oponente do presidente Macky Sall, de disputar a eleição presidencial do ano que vem.
Carros e ônibus foram incendiados na capital Dacar e distúrbios foram relatados em outros lugares, incluindo a cidade de Ziguinchor, onde Sonko é prefeito desde 2022.
“Notamos, com pesar, a violência que levou à destruição de propriedades públicas e privadas e, infelizmente, nove mortes em Dacar e Ziguinchor”, disse o ministro do Interior, Antoine Diome, em rede nacional na sexta-feira.
Sonko, de 48 anos, não compareceu à audiência sobre uma suposta agressão sexual em que foi acusado de estuprar uma mulher que trabalhava em uma casa de massagens em 2021, quando ela tinha 20 anos, e de fazer ameaças de morte contra ela. Ele negou qualquer irregularidade e disse que as acusações tinham motivação política.
O tribunal inocentou Sonko de estupro, mas o considerou culpado de outro delito descrito no código penal como comportamento imoral em relação a menores de 21 anos.
O Ministério da Justiça disse que o líder da oposição pode agora ser preso a qualquer momento.
A polícia permaneceu estacionada em torno de sua casa em Dakar enquanto a agitação aumentava na capital e em outros lugares após o veredicto.
“Com esta sentença, Sonko não pode ser candidato”, disse um dos advogados do líder da oposição, Bamba Ciss, citando a lei eleitoral do Senegal.
O partido PASTEF de Sonko disse que o veredicto fazia parte de uma conspiração política e pediu aos cidadãos em um comunicado que “parem todas as atividades e saiam às ruas”.
Ex-funcionário público, Sonko ganhou destaque nas eleições presidenciais de 2019, ficando em terceiro lugar após uma campanha que teve como alvo o presidente Sall e a elite governante do país. Ele retrata Sall como corrupto e aspirante a ditador, enquanto os partidários do presidente chamam Sonko de agitador que semeou instabilidade. Sua prisão inicial por acusações de estupro em 2021 gerou vários dias de confrontos que deixaram pelo menos 12 mortos.
Na quinta-feira, uma espessa fumaça negra saiu de um campus universitário central em Dakar, onde manifestantes incendiaram vários ônibus à tarde e atiraram pedras contra a tropa de choque, que respondeu com gás lacrimogêneo.
O porta-voz do governo, Abdou Karim Fofana, disse que as forças de segurança controlam a situação na capital.
Várias plataformas de mídia social e mensagens foram restritas no Senegal no final da noite – uma medida “que provavelmente afetará significativamente a capacidade do público de se comunicar”, disse o observatório da Internet NetBlocks.
O professor de direito da universidade, Ndiack Fall, disse que Sonko pode exigir um novo julgamento se ele se entregar às autoridades. Mas os partidários de Sonko denunciaram as acusações como uma manobra para impedi-lo de concorrer às eleições marcadas para fevereiro. O governo e o sistema de justiça negam isso.
As manifestações não são incomuns no Senegal e geralmente aumentam em torno das eleições. Mas o segundo mandato de Sall foi particularmente turbulento para um país geralmente visto como uma das democracias mais fortes da África Ocidental.
Separadamente, Sonko está apelando contra uma sentença de prisão suspensa de seis meses por difamação – um crime que ele também nega.
Com informações do site Al Jazeera
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