NICOSIA, Chipre (AP) – Cerca de 70% dos migrantes que chegaram ao Chipre etnicamente dividido este ano usaram um visto de estudante emitido pelas autoridades cipriotas turcas separatistas antes de buscar asilo no sul reconhecido internacionalmente, disse o ministro do Interior do país na quinta-feira.
O ministro Constantinos Ioannou disse à Associated Press que os vistos de estudante cipriotas turcos são “de longe” o método mais popular usado pelos migrantes para chegar a Chipre. Eles então cruzam os 180 quilômetros (111 milhas) de extensão, zona tampão controlada pelas Nações Unidas para solicitar asilo no sul.
Os migrantes não se inscrevem no norte porque não receberiam os benefícios concedidos aos requerentes de asilo de acordo com as leis e regulamentos internacionais e da União Europeia. Apenas a Turquia reconhece a independência cipriota turca. Embora Chipre tenha aderido à União Europeia em 2004, apenas a parte sul desfruta de todos os benefícios.
Ioannou disse que a maioria dos migrantes que optam por esta rota são da África subsaariana e voam para o norte de Chipre através de Istambul, na Turquia.
“A porcentagem crescente de migrantes irregulares que entram nas áreas controladas pela República de Chipre através da (zona tampão da ONU) demonstra os métodos que a Turquia adotou para instrumentalizar a questão”, disse Ioannou.
Ele disse que os potenciais requerentes de asilo escolhem esta rota, que é de menor risco, relativamente barata e lhes dá alguma aparência de legitimidade.
Cerca de 95% de todas as chegadas de migrantes em Chipre ocorrem através do norte separatista, de acordo com dados do Ministério do Interior. Das 3.665 chegadas de migrantes até agora este ano, 3.485 vieram do norte.
Embora a zona tampão não seja uma fronteira “dura”, as autoridades cipriotas ergueram barreiras ao longo de pontos frequentemente usados por migrantes e contrabandistas e estão em processo de instalação de equipamento de vigilância eletrônica. Além disso, uma força de 300 guardas em breve começará a patrulhar as seções da zona tampão. Ioannou disse que os guardas atuarão como uma força de dissuasão visível, e os contrabandistas identificados podem ser presos, mas não vão empurrar os migrantes de volta para o norte porque isso pode violar a lei internacional e da UE.
Ioannou disse que os pedidos de asilo aumentaram 490% desde 2017, levando as autoridades cipriotas além de sua capacidade de lidar. A porcentagem de requerentes de asilo ou indivíduos com proteção internacional atingiu 6% da população da ilha – seis vezes a média em outros estados europeus da linha de frente.
No ano passado, foram 21.565 novos pedidos e, de janeiro a março deste ano, mais 3.182.
Como parte das medidas aprovadas pela UE para lidar com os fluxos migratórios através do Mediterrâneo oriental, Chipre pretende usar todas as ferramentas diplomáticas e políticas à sua disposição como membro da UE para conseguir que a Turquia ajude a impedir a passagem de migrantes na zona tampão, de acordo com Ioannou. Ele disse que a UE também está em contato com as companhias aéreas que usam o aeroporto de Istambul para ajudar a conter essas chegadas, enquanto um “alto funcionário da UE” deve visitar Chipre no final deste mês para avaliar o progresso.
O ministro disse que as autoridades cipriotas estão focadas em acelerar o processamento dos pedidos de asilo para “desincentivar” o que ele disse ser o apelo de uma estadia prolongada em Chipre devido ao sistema legal lento e sobrecarregado do país.
As repatriações também aumentaram – de 1.272 para 7.680 no ano passado. Mais de 2.700 repatriações ocorreram nos primeiros quatro meses deste ano.
Fonte: AP News
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