Parece ficção científica, mas é a inovação que mudará os rumos da medicina moderna: o transplante de cabeça.
O italiano Sérgio Canavero, de 50, é o responsável pelo estudo e acredita que até 2017 os cientistas já serão capazes de realizar esse tipo de cirurgia em humanos.
A operação deve beneficiar pacientes que apresentam problemas graves no corpo, mas tem a mente sadia, como o físico Stephen Hawking.
Os doadores precisam ser vítimas de morte cerebral, mas que continuam com os órgãos funcionando normalmente.
Para diminuir os riscos de rejeição, paciente e doador devem ter peso e altura compatíveis. A diferença de idade não representaria um problema uma vez que, segundo Canavero, cérebros mais velhos ficariam rejuvenescidos em organismos mais novos.
O médico vai além: garante que poderia transplantar a cabeça de um homem para o corpo de uma mulher.
No centro cirúrgico, os médicos vão congelar a cabeça do paciente e o corpo do doador para que as células não morram durante a operação.
Serão feitos cortes estratégicos na cabeça de quem receberá o corpo sadio e os vasos sanguíneos serão religados com a ajuda de tubos.
Em seguida, os médicos realizam a parte mais complicada: ligar o sistema nervoso do doador ao do paciente. O Dr. Canavero pretende usar uma substância química que funcionará como uma espécie de cola. Ao final, a pele do pescoço é costurada.
A inovadora cirurgia é muito criticada pela sociedade médica, mas o Dr. Canavero busca apoio na história da ciência para defender sua criação.
Há 50 anos, por exemplo, era praticamente impossível imaginar o coração de uma pessoa batendo em outro corpo.
A recuperação do transplantado é delicada. Depois da cirurgia, o paciente precisaria permanecer em coma por duas semanas para que eletrodos conectados ao corpo produzam estímulo na coluna espinhal. As pequenas descargas elétricas ajudariam a criar conexões entre doador e transplantado.
A expectativa é que ao sair do coma o paciente consiga sentir o rosto e até falar, mas precisará de fisioterapia para voltar a andar.
O procedimento já foi testado em animais. Nos anos 50, um cientista trocou as cabeças de cachorros vivos, mas os animais morreram dias depois.
Em 1970, um médico americano testou o transplante em um macaco. Na época, os cientistas não conseguiram juntar as medulas do doador e do receptor.
Depois da cirurgia, o animal era incapaz de mexer o corpo e respirava com a ajuda de aparelhos. Ele morreu nove dias depois porque o corpo rejeitou a nova cabeça.
Ao todo, 150 cirurgiões participarão do primeiro transplante, que custará mais de R$ 40 milhões.
Fonte: R7