As forças ucranianas retomaram uma pequena vila no sul do país, disseram no domingo uma autoridade russa local e blogueiros militares, o primeiro relato de ganho territorial na região de Zaporizhzhia desde o início de uma grande contra-ofensiva no início deste mês.
Vladimir Rogov, um oficial regional nomeado pelo Kremlin, disse no aplicativo de mensagens Telegram que as tropas ucranianas tomaram o vilarejo de Piatykhatky “sob controle operacional” e estavam se entrincheirando ali. As forças russas, acrescentou, estavam usando fogo de artilharia na tentativa de recuperá-lo.
Não houve confirmação independente dessas reivindicações. A atualização noturna do Estado-Maior do exército ucraniano disse que as forças russas estavam “na defensiva” na região, mas não fez nenhuma menção à vila.
Piatykhatky é uma das muitas aldeias ao longo da linha de frente sul e sua recaptura, se confirmada, provavelmente não representará um grande avanço militar para a Ucrânia. Ainda assim, seria o primeiro vilarejo retomado nos últimos dias e somado aos sete vilarejos que as autoridades ucranianas disseram ter recapturado mais a leste na região de Donetsk como parte da contra-ofensiva que começou há cerca de uma semana e meia.
Os ganhos até agora vieram à custa de vidas ucranianas e equipamentos ocidentais avançados, mas analistas militares alertam que pode levar semanas ou meses para avaliar o sucesso da contra-ofensiva.
Uma declaração oficial do Ministério da Defesa da Rússia resumindo os combates no domingo disse que um ataque a Piatykhatky foi “repelido”. Mas os blogueiros militares russos, que costumam ser os primeiros a anunciar os desenvolvimentos do campo de batalha na Ucrânia, disseram que as forças de Moscou perderam a vila após três dias de intensos combates.
“Nossa artilharia continua atacando a infantaria inimiga entrincheirada nesta vila”, escreveu Semyon Pegov, que escreve sob o nome de War Gonzo e tem mais de 1,3 milhão de seguidores no Telegram. Pegov estava entre os correspondentes de guerra pró-Kremlin que se encontraram com o presidente Vladimir V. Putin na semana passada.
Mikhail Zvinchuk, que escreve sob o pseudônimo de Rybar, disse que as unidades russas se retiraram da aldeia, mas que os combates continuaram nos arredores. Outro blog chamado A Veteran’s Notes, que agrega outros relatórios junto com alguns comentários e análises, descreveu combates ferozes na área.
Uma grande força ucraniana estava fazendo uma tentativa sustentada de romper as linhas defensivas da Rússia, escreveu o blogueiro não identificado, com perdas de ambos os lados e o fedor de cadáveres pairando sobre o campo de batalha. “Muitos feridos devido ao bombardeio contínuo de artilharia”, disse o relato.
A contra-ofensiva da Ucrânia intensificou a luta em vários pontos ao longo da linha de frente no sul, mas mostrou poucos sinais de avanço significativo até agora. Um relatório da inteligência de defesa britânica disse no domingo que ambos os lados estavam sofrendo altas baixas e especialistas militares dizem que é provável que meses de duelos de artilharia e guerra de trincheiras estejam por vir. Analistas independentes dizem que será difícil para as forças ucranianas romper as linhas fortemente fortificadas da Rússia, defendidas por armadilhas de tanques, campos minados e artilharia.
Na esperança de tornar mais difícil para a Rússia se defender do contra-ataque, a Ucrânia seguiu um padrão estabelecido no ano passado de lançar uma série de ataques atrás das linhas de frente que visam depósitos de munição, infraestrutura militar e outros elementos da máquina de guerra de Moscou.
Oficiais militares disseram no domingo que a Ucrânia havia atingido um depósito de munição perto da vila de Rykove, na região de Kherson. Serhiy Bratchuk, porta-voz da administração militar de Odesa, postou um vídeo no aplicativo de mensagens Telegram que foi feito à distância, mas parecia mostrar um grande incêndio e fumaça subindo sobre os campos.
“Nossas forças armadas desferiram um bom golpe pela manhã, e muito forte, no vilarejo de Rykove”, escreveu Bratchuk. Não houve confirmação independente do ataque, o vídeo não foi verificado pelo The New York Times e não houve comentários imediatos das autoridades russas.
A localização é significativa porque fica perto de uma ponte que liga a Crimeia – que foi anexada ilegalmente pela Rússia em 2014 – com um cinturão de terra ocupado pela Rússia ao norte do Mar de Azov. Analistas militares dizem que um dos prováveis objetivos da contra-ofensiva é cortar a ponte de terra que liga a Crimeia à Rússia.
Rykove está cerca de 70 milhas atrás da área mais próxima da linha de frente, o rio Dnipro, onde as forças ucranianas controlam a margem oeste e as forças russas a leste. Não ficou claro como o ataque ocorreu, mas isso colocaria a vila no alcance de um ataque de um míssil Storm Shadow de longo alcance, que a Grã-Bretanha disse nas últimas semanas ter doado à Ucrânia. O foguete HIMARS fornecido pelos EUA também é capaz de atingir alvos dezenas de quilômetros atrás das linhas de frente.
Com informações do site The New York Times
Compartilhe este post
