A anistia será legalmente oferecida a criminosos e suspeitos de crimes que concordarem em servir na guerra da Rússia na Ucrânia.
A câmara baixa do parlamento russo, a Duma Estatal, aprovou uma legislação que daria indultos a condenados por crimes que se voluntariassem para se juntar às forças russas que lutam na Ucrânia, uma medida que visa aumentar o número de tropas durante os primeiros estágios da contra-ofensiva da Ucrânia.
A legislação estabelece o recrutamento de prisioneiros e suspeitos de crimes para a guerra na Ucrânia, uma prática adotada pela força mercenária Wagner no ano passado, antes de o Ministério da Defesa da Rússia assumir o recrutamento de prisões no início de 2023, informou o Moscow Times na terça-feira.
A Duma Estatal disse em um comunicado na terça-feira que as anistias por lutar nas linhas de frente na Ucrânia não se estendem a todos os criminosos nas prisões russas: atos de terror, crimes sexuais, espionagem e traição estão entre os crimes graves isentos.
“A validade do documento não se estende a quem já foi condenado por atos terroristas e extremistas, bem como por crimes contra a santidade sexual de menores”, segundo um comunicado publicado no site da Duma.
Se a legislação se tornar lei, os registros criminais daqueles que ingressarem no exército russo serão apagados assim que concluírem o serviço militar, receberem um prêmio estadual por lutar, forem feridos em ação ou atingirem a idade de aposentadoria de 65 anos, informou o Moscow Times.
Os criminosos suspeitos também recebem uma prorrogação se concordarem em servir na Ucrânia.
“Para suspeitos de crimes que concordam em pegar em armas, as autoridades podem suspender o processo criminal contra eles se enfrentarem até cinco anos de prisão por crimes premeditados ou até 10 anos por atos de negligência. O projeto de lei observa que os crimes cometidos após a entrada em vigor da lei não serão expurgados”, informou o Moscow Times.
A legislação passará por uma única rodada de votação no Conselho da Federação da Rússia, após a qual o presidente russo, Vladimir Putin, deverá sancioná-la, disse o jornal.
Mesmo antes da aprovação da legislação, Yevgeny Prigozhin, o milionário proprietário da força mercenária do Grupo Wagner, foi autorizado a recrutar criminosos condenados como mercenários, prometendo-lhes indultos se sobrevivessem a seis meses de combates na Ucrânia.
No fim de semana, Prigozhin disse que 32.000 de seus mercenários Wagner recrutados nas prisões voltaram para casa depois de servir na guerra na Ucrânia. Em maio, o chefe de Wagner disse que cerca de 20.000 de seus combatentes foram mortos na batalha pela cidade ucraniana de Bakhmut.
Com a rixa de alto nível entre as forças de Wagner e o ministério da defesa da Rússia continuando, Prigozhin reclamou que seu acesso às prisões russas para recrutamento foi bloqueado.
O think tank com sede em Washington, DC, o Institute for the Study of War (ISW), disse na terça-feira que as forças de Wagner estão tentando recrutar novos combatentes “após perdas significativas na Ucrânia”.
“A agência de oposição russa Verstka informou em 19 de junho que os recrutadores de Wagner estão divulgando mensagens em plataformas de mídia social convocando indivíduos de 21 a 35 anos com ‘histórico de jogos’ para se juntarem a Wagner como especialistas em UAV”, disse o ISW.
“Verstka observou que esses recrutas não precisam ter nenhuma experiência militar”, disse o instituto.
As forças ucranianas estão fazendo avanços constantes e incrementais na contra-ofensiva em andamento, de acordo com oficiais militares ucranianos, e as tropas russas estão resistindo ferozmente atrás de posições fortificadas e campos minados.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, disse na terça-feira que as forças ucranianas estão avançando, mas que a campanha não será uma ofensiva rápida com sucessos como em um “filme”.
Com informações do site Al Jazeera
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