Falta de bebês pode levar metade das cidades japonesas à extinção

Internacional

É verão e a cidade praiana de Onjuku, na província de Chiba, está lotada de turistas. A população local, que beira os 7,5 mil moradores, mais do que dobra nos meses de julho e agosto, auge da estação mais quente no Japão.

Mas Isamu Yoshida, 65, proprietário de uma loja de empanados fritos, não se entusiasma com as vendas, apesar de não ter concorrência. “Não posso reclamar das vendas no verão. Porém, no restante do ano, praticamente fico no vermelho”, conta à BBC Brasil o comerciante, que toca a pequena e antiga loja aberta pelos pais há mais de 50 anos.

Localizada a cerca de duas horas de trem da capital japonesa, Onjuku sofre de um problema comum a quase metade das cidades, distritos e povoados japoneses: a queda constante e crônica da população, que pode levar inclusive estes municípios à extinção.

“É triste ver a cidade definhando aos poucos”, lamentou Yoshida. “Todo mês vemos no jornal local que o número de mortes é sempre maior do que o de nascimentos”, contou.

Segundo estatística do governo japonês, a população de Onjuku diminui em média 0,5% ao ano. Em 1995, a população era de 8.129 pessoas. Em 2013, caiu para 7.632. Se continuar neste ritmo, em 50 anos a população local será pouco mais de 2,5 mil pessoas.

Dificuldades

Segundo o relatório de uma subcomissão do Conselho de Política do Japão, quase metade dos municípios de todo o país poderá ter dificuldades para continuar operando normalmente até 2040.

O estudo deu especial atenção à população de mulheres com idade de 20 a 39 anos, pois elas são consideradas um fator-chave que irá determinar o futuro da população japonesa.

O grupo, liderado pelo ex-ministro de Assuntos Internos, Hiroya Masuda, definiu cidades, vilas e aldeias cujas populações provavelmente diminuirão em pelo menos 50% ao longo do período 2010-2040.

Pesquisadores da comissão explicaram à BBC Brasil que a estimativa foi feita com base em várias estatísticas do Instituto Nacional de População e Pesquisa da Segurança Social.

No total, 896 municípios, ou 49,8% do total do país, foram indicados como locais que podem desaparecer.

O relatório também alertou que 523 localidades cujas populações estão abaixo de 10 mil moradores – o que representa cerca de 30% do total – têm uma alta propensão a “quebrar” já nas próximas décadas, a menos que medidas eficazes sejam tomadas.

Onjuku, visitada pela reportagem da BBC Brasil, está entre estes municípios. “Infelizmente, esse problema tem sido ignorado há muito tempo, porque ninguém quer falar sobre um futuro desfavorável. Agora, nós (japoneses) devemos reconhecer essa grave questão”, comentou à reportagem uma fonte da subcomissão.

Cidade grande

Em contrapartida, a população nas grandes cidades tem aumentado, o que sugere que as pessoas estão deixando os pequenos municípios, onde quase não há oferta de emprego, para buscar oportunidades fora.

Kazuya Shiton, 25, de Onjuku, conta que está planejando deixar a casa dos pais e buscar um emprego melhor em Tóquio ou outra cidade maior. O jovem, que trabalha na construção de vias públicas, explicou que o serviço atual é ruim e rende pouco dinheiro.

“Aqui também não há locais para lazer para os jovens”, lembra. “Todos os meus amigos já se mudaram para outras cidades. Não vejo outra saída.”

Para a subcomissão do Conselho de Política do Japão, o problema mais grave é que muitos destes jovens que vão para a capital japonesa não têm filhos. “Criar uma criança em um ambiente como Tóquio é muito caro. Além da dificuldade de encontrar creches, a assistência é pouca para os pais, o que contribui para a baixa taxa de natalidade verificada na capital japonesa”, explicou a fonte da subcomissão.

Para tentar resolver o problema, o governo japonês deve anunciar no próximo mês a criação de um comitê que vai tratar exclusivamente da regeneração de cidades do interior, focado principalmente na criação de postos de trabalho para jovens e no aumento da taxa de natalidade.

Contra a corrente

Por conta própria, o empresário americano Del Ricks abraça a ideia. Instalado em Onjuku apesar dos riscos econômicos, ele é só sorrisos.

Há seis anos, Del Ricks e a companheira, a sul-coreana Kelly Cho, abriram um negócio praticamente de frente para a paradisíaca praia da cidade. “Não tenho do que reclamar”, falou. “Enquanto a maioria dos comerciantes locais trabalha mesmo apenas dois meses por ano, nós temos clientela fixa por oito meses.”

Ricks dá aulas de surf, aluga equipamento para a prática do esporte, tem uma lanchonete e ainda oferece quartos para turistas. “Meu público não é o local. Trabalho com pessoas que vêm de Tóquio”, explicou.

Além dos turistas que curtem praia, o casal trabalha principalmente com surfistas – que frequentam a cidade quase o ano todo –, pescadores, mergulhadores e empresas que buscam lugares diferentes para fazer festas para os funcionários.

Para o norte-americano, Onjuku poderia se tornar um local atrativo se o governo investisse mais para trazer jovens empreendedores e aposentados que moram nas grandes cidades. “Aqui, o custo de vida é muito mais barato, além de ser muito menos estressante”, defendeu.

Fonte: G1

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