A Estação Digital Zumbi dos Palmares, da comunidade Mimbó, atualmente, apenas existe, e nada do que propôs o programa de Inclusão Digital da Fundação Banco do Brasil funciona no laboratório. A condição de precariedade do prédio e dos equipamentos é a reclamação maior dos próprios moradores.
Segundo eles, apenas cinco computadores existem atualmente, de um projeto em que 11 máquinas foram instaladas com impressoras e internet em banda larga obtida por antenas de última geração.
O que em 2006 representou um avanço tecnológico para a comunidade, a realidade atual representa um retrocesso, segundo os moradores, “incalculável”. “Antes, a gente tinha internet muito boa e impressoras para trabalhos da comunidade e atividades escolares. Hoje ninguém tem mais nada porque nada funciona”, afirmou Rodrigo José Miranda de Brito, um dos líderes da comunidade.
Com muita tristeza, ele disse ao Portal Somos Notícia que as esperanças de reativação da estação quase não existem mais. “Nós já lutamos de todas as formas para termos a nossa internet de volta e não conseguimos. O nosso laboratório está nessas condições e os computadores que ainda restam, apenas jogos funcionam.”
Os trabalhos de manutenção dos equipamentos, segundo o nosso entrevistado, são feitos pela ONG Movimento pela Paz na Periferia (MP3), de Teresina. Em 2012, Francisco Júnior, um dos organizadores da Estação na comunidade, argumentando a idealização do projeto disse ao portal IG, que “faltava engajamento da população para buscar formas de melhorar a vida.”
O desejo de continuidade desse engajamento andou pouco. O trabalho de parceria com o MP3 para manutenção do equipamento “não funcionou”, segundo Francisco Miranda. “Eles nunca fazem contato com a gente, o pessoal levou seis computadores para Teresina e nunca trouxe de volta, isso já tem sete meses”, completa, ao afirmar que a internet já não funciona desde 2008.
No site da Fundação Banco do Brasil, a instituição informa que é responsável pelo investimento em computadores de Estações como a do Mimbó, mas apenas por seis meses. “Decorrido o prazo, entidade local deve desenvolver um plano de sustentabilidade para a Estação Digital”, diz o banco.
Em contato com a coordenadora da Estação Digital, Ana Maria, que é membro da ONG MP3, o Portal Somos Notícia foi informado que os computadores estavam em Teresina por um problema de energia na Estação. “A cada seis meses a gente faz a manutenção dos equipamentos de lá (do Mimbó). Eles tinham um problema com energia porque o prefeito era responsável pelo pagamento e deixou cortar. A gente fez um cadastro em meu nome para religarem a energia, mas eles não ligaram por causa desse débito com a prefeitura.”
Ela afirmou ainda que não há mais nenhum vínculo com a Fundação Banco do Brasil, o que tornou mais difícil o funcionamento da Estação. “Posteriormente conseguimos fazer funcionar todos os computadores, faltou apenas o Rodrigo (morador) começar as aulas. A Fundação do Banco do Brasil rompeu o contrato com a gente, não temos mais nenhum convenio, e tudo ficou muito difícil”, completou a coordenadora ao afirmar que o morador não quer ser voluntário.
Questionado sobre o retorno dos computadores à comunidade, o coordenador da Estação de Metarreciclagem, Nelson Chaves, foi categórico ao dizer que os computadores não vão retornar para a comunidade enquanto não houver quem dê aulas para os moradores. “Os computadores foram para lá e quebraram. A comunidade não valorizou o local, os computadores estão quebrados e vão ficar aqui. Não podemos deixar lá porque ninguém quer se responsabilizar, e a responsabilidade é nossa! Volto a repetir: quando tiver um professor para dar aulas na comunidade, os computadores vão para a estação”, encerra.
Edição e postagem: Denison Duarte
