Em agosto acaba o prazo estipulado para o Governo para que as cidades se adaptem à nova Lei Nacional de Resíduos Sólidos. Quatro anos depois da promulgação, o Nordeste tem mais de 60% do seu descarte jogados em lixões. Olinda tem uma das menores taxas de reutilização, cerca de 3%. Enquanto isso, empresas pernambucanas desenvolvem tecnologias inovadoras para o descarte que poderão mudar o panorama do Estado nos próximos anos.
No Brasil, do total de resíduos sólidos produzidos, apenas 58,3% seguem para aterros sanitários, onde recebem o tratamento adequado, enquanto que os outros 41,7% são levados para lixões e aterros controlados. No Nordeste, a situação se agrava. São cerca de 53 mil toneladas de lixo produzidas por dia e 65% desta quantidade vão para lixões, onde acabam por contribuir com a poluição do ar, dos solos e das águas.
Na tentativa de reduzir os danos causados à natureza pelo mau gerenciamento dos resíduos sólidos, foi criada a lei 12.305, em 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos para os municípios e estados brasileiros. Apesar de o prazo de adequação às normas federais, que foi estipulado como agosto de 2014, estar prestes a se esgotar, os dados mostram que ainda há muito a ser feito.
De acordo com o especialista na área de Resíduos Sólidos e professor de engenharia Civil da UFPE, Mariano Aragão, o que se defende no mundo, hoje em dia, é a hierarquia no gerenciamento do lixo, tendo como ponto inicial a não produção dele. “Para quê serve uma caixa de pasta de dente, por exemplo? Para nada. Então as empresas já estão começando a pensar assim, eliminando objetos como este”, explicou.
Para ele, a “fórmula” para lidar com o lixo de maneira apropriada é simples, mas depende de um investimento que não é aplicado pelos gestores municipais. Em primeiro lugar, a coleta, seguida da reciclagem. Para os resíduos que não podem ser reutilizados, se for orgânico, produzir compostagem e, se não, levá-los para aterros sanitários, onde o material será depositado, mas receberá um tratamento específico.
“Neste meio, a coleta seletiva é fundamental para as soluções sejam mais simplificadas. Você recolher o lixo para depois separá-lo não é prático”, completa. Mariano acrescenta que, apesar de os aterros sanitários serem o melhor destino para aqueles resíduos sólidos, não é bom para a natureza que cada município tenha o seu. E aí entra o papel dos governos estaduais na política nacional: cobrar das cidades, mas também promover os consórcios entre elas, fazendo com que um aterro atenda a várias cidades.
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