Propriedade do homem mais rico da África, a nova refinaria é vista como a resposta para a persistente escassez de combustível no maior produtor de petróleo da África.
A Nigéria comissionou a refinaria de Dangote na segunda-feira em meio à esperança de transformar o país em um exportador líquido de produtos petrolíferos, mas analistas disseram que garantir o fornecimento de petróleo pode atrasar a produção total este ano.
A administração do presidente cessante, Muhammadu Buhari, vê a refinaria como a resposta à persistente escassez de combustível na Nigéria – inclusive mais recentemente na corrida para a disputada eleição presidencial de fevereiro.
A Nigéria gastou US$ 23,3 bilhões no ano passado em importações de produtos petrolíferos e consome cerca de 33 milhões de litros (8,7 milhões de galões) de gasolina diariamente. A Refinaria de Dangote tem uma capacidade de 650.000 barris por dia.
A usina planeja exportar o excedente de petróleo, transformando o maior produtor de petróleo da África em um centro de exportação de produtos petrolíferos. Também pretende exportar diesel, segundo Aliko Dangote, o homem mais rico da África, que financiou a construção da refinaria.
O enorme complexo petroquímico, considerado a maior refinaria de trem único do mundo, custou US$ 19 bilhões para ser construído após um atraso de quase uma década – acima das estimativas iniciais entre US$ 12 bilhões e US$ 14 bilhões – e tem uma dívida pendente de cerca de US$ 2,75 bilhões, segundo ao governador do banco central da Nigéria.
O complexo também possui uma usina de 435 megawatts, um porto marítimo profundo e uma unidade de fertilizantes.
Falando na cerimônia da comissão, Dangote disse que a prioridade é aumentar a produção para garantir que a refinaria possa satisfazer plenamente a demanda nigeriana e eliminar “a tragédia da dependência de importações”.
A cerimônia contou com a presença do presidente Buhari.
Problemas de abastecimento bruto
A Dangote espera começar a refinar petróleo em junho, mas a consultoria de pesquisa Energy Aspects, com sede em Londres, disse que o comissionamento foi um processo intrincado e que espera que as operações comecem ainda este ano, atingindo 50-70 por cento no próximo ano, com um processo escalonado de outras unidades em 2025.
A refinaria precisa de um fornecimento constante de petróleo bruto, mas a produção de petróleo da Nigéria tem diminuído devido ao roubo de petróleo, vandalismo de oleodutos e subinvestimento. Em abril, a produção caiu para menos de um milhão de barris por dia (bpd), abaixo da produção de Angola.
A menor produção afetaria a capacidade da estatal Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC) de cumprir um acordo para fornecer 300.000 bpd de petróleo à Refinaria de Dangote, disse o economista Kelvin Emmanuel, autor de um relatório sobre roubo de petróleo no ano passado.
A NNPC, com uma participação de 20 por cento na refinaria, tem acordos de partilha de produção com grandes petrolíferas como ExxonMobil, Shell e Eni e tem direito a uma parte do crude, que também troca com traders de gasolina e gasóleo.
A refinaria não assinou acordo de compra de grandes petrolíferas da Nigéria.
Isso pode fazer com que a Dangote importe petróleo de traders como Trafigura e Vitol, disse Emmanuel, em um momento em que se espera que o refino local economize divisas e mantenha os preços mais baixos.
A Energy Aspects, no entanto, disse que, a longo prazo, a refinaria de Dangote poderia acabar com o déficit de petróleo da Nigéria, remodelar o mercado de petróleo da bacia do Atlântico e exportar diesel que atenda às especificações da União Européia.
Com informações do site Al Jazeera
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