A nomeação de Parolin, embaixador do Vaticano na Venezuela desde 2009, foi recebida favoravelmente. Ele é considerado um homem modeste, acessível, aberto e competente. Terá menos poder que seus predecessores, já que se encarregará, principalmente, da diplomacia vaticana. "É uma grande escolha, um homem eficiente, bom negociador, muito equilibrado", declarou o monsenhor Jean-Louis Tauran, atual ministro para o dialogo interreligioso e antigo chefe diplomático de João Paulo II.
Segundo fontes internas, Parolin deverá compartilhar o cargo com o "moderator Curiae", um coordenador entre os vários ministérios da Cúria Romana, um cargo que não foi criado, mas que o pontífice está delineando. A posse de Parolin marca o início de uma nova era no Vaticano e do pontificado de Francisco, que deseja colocar em andamento a reforma da Cúria Romana. Designado em agosto para o cargo, o novo número dois da Santa Sé surpreendeu por suas declarações sobre o celibato, ao afirmar que não é um dogma, e pela facilidade de acesso à imprensa.
Francisco, que respeita a tradição de que o Papa estrangeiro nomeia um italiano como braço direito, também aposta em favorecer o diálogo direto com sua equipe de trabalho. A saída de Bertone, um salesiano sem experiência na gestão de assuntos diplomáticos e que está prestes a completar 79 anos, acontece após uma série de escândalos que atingiram a Igreja Católica nos últimos anos: pedofilia, Vatileaks e reforma das finanças do Vaticano.
Sua gestão foi marcada por rivalidades e intrigas nas altas esferas do Vaticano. Ele foi acusado de erros de administração, favoritismo e de adotar decisões questionáveis, embora sua honestidade nunca tenha sido colocada em xeque. Apesar das acusações, Bento XVI o manteve até o fim em seu cargo. Poliglota, considerado particularmente jovem para este posto, ele nasceu na região de Veneto, no nordeste da Itália. Seu pai era o dono de uma loja de ferragens e sua mãe era professora.
Ordenado sacerdote em abril de 1980, o padre Pietro Parolin estudou na Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma e em 1983 entrou para a Academia Pontifícia Eclesiástica, encarregada de formar o corpo diplomático da Santa Sé. Seu primeiro cargo foi na Nigéria (de 1986 a 1989) e depois esteve no México, até novembro de 1992, quando o papa João Paulo II o nomeou para o posto de vice-secretário para as relações com o Estado, verdadeiro "número três" da diplomacia vaticana.
Na Secretaria de Estado, esteve a cargo das relações com os Estados, entre eles Espanha, Andorra, Itália e a República de San Marino. O novo secretário de Estado do Vaticano trabalhou em vários assuntos delicados, como as relações com a China comunista, Vietnã e Israel. Depois de passar pouco menos de sete anos a serviço dos secretários de Estado Angelo Sodano e Tarcisio Bertone, Bento XVI o nomeou em agosto de 2009 como núncio apostólico na Venezuela. Bispo desde 2009, sua gestão das relações com a Venezuela estiveram marcadas pelas tensões entre o episcopado venezuelano e o governo de Hugo Chávez, falecido em março passado.