A relação entre o Governo Trump e o Brasil entra em um novo capítulo com a chegada de um alto funcionário americano a Brasília. David Gamble, Coordenador de Sanções do Departamento de Estado EUA, desembarca no país na próxima segunda-feira (5) com uma pauta delicada: discutir possíveis sanções contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A visita de Gamble, que lidera o Escritório de Coordenação de Sanções (Office of Sanctions Coordination), visa avaliar punições contra Moraes e potencialmente outras autoridades brasileiras, como juízes auxiliares e o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet. A justificativa, segundo a avaliação da administração Trump, seria a suposta promoção de censura por parte de Moraes ao ordenar o bloqueio de redes sociais (como X e Rumble) e a alegada perseguição a opositores conservadores. Essas ações teriam gerado uma crise diplomática aos olhos de Washington.
Fontes indicam que a visita foi articulada pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que estaria nos EUA buscando apoio da extrema direita americana para pressionar o judiciário brasileiro e constranger o governo Lula, visando reabilitar politicamente seu pai, Jair Bolsonaro. Durante sua estadia, Gamble tem encontros agendados com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e possivelmente com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre as sanções cogitadas contra Moraes estão a proibição de entrada nos EUA e algum tipo de bloqueio financeiro. Apesar da tensão focada em autoridades específicas, por ora, não há discussões sobre sanções diretas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além das punições ao STF, questões de Segurança Pública também devem ser abordadas.
Este episódio adiciona complexidade às relações Brasil-EUA sob a gestão Trump, especialmente após Moraes, em fevereiro, ter reafirmado a soberania nacional do Brasil e a independência do Judiciário em resposta a críticas anteriores do Departamento de Estado EUA sobre “censura”. A visita de Gamble e a discussão sobre sanções prometem intensificar o debate sobre liberdade de expressão, interferência estrangeira e os limites da atuação judicial no Brasil.

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