A Corte Arbitral do Esporte (CAS) trouxe um desfecho aguardado por quase dois anos ao absolver o atacante Gabigol da acusação de tentar fraudar um exame antidoping. A decisão, divulgada nesta sexta-feira, 4 de julho de 2025, anula a suspensão de 24 meses que havia sido imposta ao jogador em março de 2024.
O caso remonta a abril de 2023, quando Gabigol, então no Flamengo, foi submetido a um exame antidoping surpresa no CT Ninho do Urubu. Segundo os relatos dos oficiais, o atacante teria dificultado o processo de coleta de urina, o que foi interpretado como tentativa de fraude. Ele não se apresentou antes do treino, ignorou os agentes após a atividade, almoçou, tratou a equipe com desrespeito, pegou o vaso de coleta sem avisar e entregou o recipiente aberto, contrariando a orientação. Sua postura foi classificada como “fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle”, enquadrando-o no artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem.
Treinos pelo Cruzeiro Esporte Clube
Em março de 2024, o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD/AD) aplicou uma punição de dois anos de suspensão, por 5 votos a 4. A pena teria validade até o fim de abril de 2026. No entanto, desde a condenação, Gabigol permaneceu apto a treinar e atuar, primeiramente pelo Flamengo e depois pelo Cruzeiro Esporte Clube, graças a um efeito suspensivo concedido até o julgamento final do recurso.
A audiência final no CAS ocorreu em dezembro de 2024, na Suíça, mas o veredito só foi divulgado três meses depois. Gabigol não compareceu pessoalmente, sendo representado por sua equipe de advogados. O painel de três árbitros do CAS acolheu o recurso da defesa contra a União Federal do Brasil e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).
A Corte determinou que, embora o comportamento do jogador tenha sido “totalmente desprovido de cooperação” e “completamente não cooperativo”, ele não pode ser considerado como “adulteração” de acordo com os critérios do Código Mundial Antidopagem. O comunicado do CAS enfatizou que a conduta de Gabigol poderia ter configurado uma violação se os oficiais de controle de doping tivessem notificado o jogador de forma mais clara ou adotado uma postura mais firme diante dos atrasos e atitudes obstrutivas. Importante ressaltar que nenhuma substância proibida foi encontrada no exame.
Com a absolvição, Gabigol está oficialmente liberado de qualquer penalidade relacionada ao episódio e pode seguir treinando e jogando pelo Cruzeiro sem impedimentos. A decisão é definitiva, sem abertura para novos recursos. Antes da absolvição, caso o recurso não tivesse sido aceito, o camisa 9 teria ficado impedido de participar dos jogos e treinamentos do Cruzeiro Esporte Clube até o fim de julho, ou mesmo até abril de 2025 se a pena fosse cumprida integralmente.
Em suas redes sociais, Gabigol se manifestou sobre a absolvição: “A justiça foi feita. Mas a ferida fica”. Ele descreveu os quase dois anos como os mais difíceis de sua vida, onde foi acusado injustamente e teve seu caráter questionado. “Nenhuma substância proibida foi encontrada, mas ainda assim quiseram me punir por uma suposta ‘atitude'”. O jogador espera que seu caso sirva de reflexão para que “nunca mais um atleta, ou qualquer pessoa, passe pelo que eu e minha família passamos”. Ele concluiu afirmando que sai do processo de cabeça erguida, com a certeza de que a verdade sempre prevalece. O Cruzeiro Esporte Clube também publicou uma nota confirmando a absolvição e a liberação total do atleta.

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