Com Bakhmut em ruínas, a Ucrânia muda o foco para a periferia da cidade

Embora muitas das reivindicações do campo de batalha de Kiev não possam ser verificadas, está claro que as forças ucranianas obtiveram ganhos menores nas últimas semanas ao norte e ao sul de Bakhmut, rompendo uma posição defensiva russa em uma batalha importante que começou em 6 de maio.

Falando durante uma visita aos soldados ucranianos na frente oriental no domingo, o general Syrsky afirmou no domingo que as forças ucranianas continuavam avançando nos subúrbios de Bakhmut e estavam “perto de cercar taticamente a cidade”. Mas os militares ucranianos não forneceram detalhes sobre para onde estava avançando.

Na segunda-feira, o major Rodion Kudriashov, comandante da 3ª Brigada de Assalto ucraniana, disse que os ucranianos continuaram a obter ganhos pequenos, mas importantes, na cidade.

“Estamos tentando sentir os pontos fracos do inimigo e aos poucos, passo a passo, vamos tentando espremê-lo, ocupando posições vantajosas para nós, tomando a iniciativa”, disse ele em entrevista à emissora ucraniana RBC-Ucrânia.

Alguns analistas disseram que as reivindicações ucranianas parecem ser um esforço para disfarçar o revés em Bakhmut.

“As conversas sobre cerco tático são prematuras e provavelmente refletem uma resposta precipitada à queda da cidade”, escreveu Konrad Muzyka, analista de defesa da Rochan Consulting, na segunda-feira.

Isso não significa, porém, que o domínio da Rússia sobre a cidade esteja garantido. Muito pode depender dos planos do temperamental e bombástico chefe do grupo mercenário Wagner da Rússia, Yevgeny Prigozhin, cujos combatentes lideraram o ataque russo a Bakhmut. Horas depois de declarar “vitória” no fim de semana, Prigozhin disse que retiraria seus combatentes a partir de sexta-feira.

“A partir de 1º de junho, nem um único lutador Wagner PMC estará na vanguarda até que passemos por uma reforma, reequipamento e treinamento adicional”, disse ele.

Retirar forças de uma frente ativa não é tarefa simples e pode deixar a Rússia vulnerável a ataques de tropas ucranianas em terreno elevado nos arredores da cidade. Dadas as tensões amplamente divulgadas entre Wagner e a liderança militar da Rússia, e os problemas de comunicação dentro das fileiras russas, analistas dizem que a Ucrânia estará atenta a fissuras a serem exploradas.

Mesmo que Prigozhin não retire seus combatentes agora, analistas militares observaram que a Rússia enfrentará desafios para controlar Bakhmut, especialmente com as forças ucranianas preparando uma contra-ofensiva que pode intensificar os combates em outras partes da linha de frente de 600 milhas.

“As forças russas provavelmente precisarão de reforços adicionais para manter a cidade de Bakhmut e seus flancos às custas de operações em outras direções”, escreveu o Instituto para o Estudo da Guerra em sua última análise no domingo.

Os serviços de inteligência militar ucranianos e britânicos relataram que há evidências de que os militares russos estão enviando milhares de soldados para a área.

Hanna Maliar, vice-ministra ucraniana da defesa, disse na segunda-feira que, enquanto “o inimigo está limpando as áreas da cidade sob seu controle”, a Ucrânia continua “a luta por alturas dominantes” ao redor da cidade.

Por enquanto, disse ela, os soldados ucranianos cumpriram seu objetivo principal na batalha por Bakhmut.

“O potencial ofensivo do inimigo é significativamente reduzido”, disse ela. “O inimigo sofreu enormes perdas e ganhamos tempo para certas ações que podem ser descritas mais tarde.”