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O desafio do envelhecimento: China e Japão buscam soluções diante de impactos profundos em 2025

À medida que o ano de 2025 se aproxima, duas das maiores economias da Ásia — China e Japão — enfrentam um desafio demográfico sem precedentes: o envelhecimento acelerado de suas populações. Enquanto o Japão se prepara para o que é conhecido como o “problema de 2025”, a China tenta transformar sua crescente população idosa em um novo motor econômico, a chamada “economia prateada”. As estratégias e os impactos dessas transições oferecem lições importantes para o mundo — e também para regiões como o Médio Parnaíba, onde questões demográficas e sociais seguem em pauta.

A Estratégia da China: A “Economia Prateada” como Ativo Econômico

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A China, maior emissor global de gases de efeito estufa e ao mesmo tempo líder na expansão de energias renováveis, enfrenta uma transformação demográfica crítica: sua população está envelhecendo e encolhendo ao mesmo tempo. A taxa de fertilidade total caiu para apenas 1,1 nascimento por mulher — bem abaixo do nível de reposição de 2,1 necessário para manter uma população estável. Em 2023, o número de pessoas com mais de 60 anos já chegava a 300 milhões. Projeções indicam que esse contingente ultrapassará 400 milhões até 2035, representando quase um terço da população total do país. Com isso, há cada vez menos jovens para sustentar uma base crescente de idosos.

Apesar do cenário desafiador, os planejadores estatais chineses enxergam uma oportunidade: a “economia prateada”. Em 2024, o Conselho de Estado lançou um documento político para impulsionar esse setor, incentivando empresas a investirem em indústrias voltadas aos idosos — como saúde inteligente, produtos antienvelhecimento, planos de previdência pessoal e turismo sênior. Governos locais foram orientados a ampliar serviços como entrega de refeições, cuidados domiciliares e atividades culturais voltadas à terceira idade.

A lógica por trás dessa aposta é clara: os idosos, especialmente a geração de 50 a 60 anos — cerca de 230 milhões de pessoas —, representam hoje o segmento mais rico da sociedade e estão se aposentando com maior poder de compra. Empresas já estão se adaptando. A Quantasing, por exemplo, empresa de tecnologia educacional, reorientou seus negócios para o público mais velho e atraiu 120 milhões de usuários para cursos online de hobbies e artes.

O envelhecimento da população da Ásia

Segundo o Centro de Pesquisa da China sobre Envelhecimento da população da Ásia, o valor da economia prateada atingiu 7 trilhões de yuans (cerca de US$ 1 trilhão) em 2024 — o equivalente a 6% do PIB nacional. A estimativa é que esse valor cresça para 30 trilhões de yuans até 2035 (aproximadamente 10% do PIB) e chegue a um terço do PIB até 2050. No período entre 2019 e 2023, o número de novas empresas registradas nesse setor cresceu mais de 40%.

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Apesar do otimismo, desafios persistem. Os idosos são alvos frequentes de golpes e fraudes, o que exige maior proteção ao consumidor. Há também preocupação com a entrada de empresas pouco qualificadas no mercado, muitas vezes sem pesquisa de base ou experiência no atendimento à população idosa. Especialistas alertam que o governo precisa fortalecer os serviços sociais e de bem-estar para garantir que o crescimento da economia prateada seja sustentável e inclusivo.

A Realidade do Japão: O “Problema de 2025” e a Busca por Reformas

Para o Japão, 2025 marca um ponto de inflexão demográfico. É nesse ano que toda a chamada geração dankai — os baby-boomers nascidos entre 1947 e 1949, cerca de 7 a 8 milhões de pessoas — completará 75 anos ou mais. Com isso, o número total de japoneses com mais de 75 anos deve atingir quase 22 milhões, um aumento significativo em relação aos 17 milhões registrados uma década antes. Esse fenômeno, conhecido como o “problema de 2025”, pressionará o sistema de saúde, a previdência social e a economia, enquanto a base de contribuintes trabalhadores encolhe.

Apesar de, em muitos países, a idade de aposentadoria ou de consideração como “idoso” começar aos 65 anos, no Japão grande parte da população permanece ativa por mais tempo. Mais da metade dos japoneses entre 65 e 69 anos, e mais de um terço entre 70 e 74 anos, ainda estão empregados. Apenas 3% dos cidadãos nessa faixa etária precisam de cuidados de enfermagem. No entanto, a partir dos 75 anos, há uma mudança drástica: a participação na força de trabalho cai para 12%, e a necessidade de assistência médica e social aumenta consideravelmente — atingindo 12% entre os 75 e 84 anos e 45% entre os com mais de 85 anos. Esse grupo é chamado de “idosos avançados” (kōreisha).

Diante desse cenário, o governo japonês tem investido em reformas estruturais: incentivos ao trabalho após os 65 anos, expansão de tecnologias assistivas e robótica de cuidados, além de políticas para aumentar a produtividade e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde. Ainda assim, o “problema de 2025” representa um teste severo para um país já habituado a lidar com o envelhecimento, mas que agora enfrenta o limite de sua capacidade de adaptação.

envelhecimento da população na Ásia

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