Hua Ruobin começou a usar o Blued há dois anos para conhecer outros homens gays na China, combinando jantares nos finais de semana ou encontros em bares de karaokê.
Desde então, o app de namoro gay tem sido um presente dos deuses para Hua, permitindo que o universitário do Sul da cidade de Gyangzhou entre em contato com homens chineses procurando companhreiros do mesmo sexo.
A homossexualidade não é ilegal na China, mas permanece um tema tabu no país mais populoso do mundo.
— Eu encontrei nove (amigos gays) pelo app — afirmou Hua, de 22 anos, que sentia que nunca poderia falar com os seus amigos heterossexuais sobre ser gay. — Agora eu tenho um grupo de amigos como eu a quem posso falar abertamente.
Blued é uma criação de Ma Baoli, de 36 anos, um ex-policial que se demitiu para se tornar cupido de milhares de gays na China.
O aplicativo gratuito chinês utiliza as capacidades do GPS dos smartphones dos usuários para identificar usuários próximos. Assim como outros apps semelhantes, usuários podem ver nele outros perfis, conversar de forma privada com potenciais paqueras ou interagir em salas de bate-papo.
O Blued rapidamente encontrou apelo na comunidade gay, alcançando 15 milhões de usuários em dois anos. Há espaço para expansão, com a Blue City, a companhia de Ma, tendo levantado US$ 30 milhões de investimento de uma firma de capital americana. Uma meta a longo prazo da empresa é entrar para Nasdaq.
— Essa seria uma forma melhor de mostrar o desenvolvimento da China do que um grande anúncio na Times Square — afirmou Ma.
Mais do que um app de namoro
Ativistas LGBT da China dizem que o Blued vem ajudando homens gays a desenvolver uma auto-imagem positiva, e a lutar contra o preconceito social que força os homossexuais a se manterem anônimos.
— Não é apenas um app para encontros mais, mas também um que divulga conhecimento entre a comunidade — afirmou Raymond Phang, um dos organizadores da anual Parada Gay de Xangai.
Os esforços de Ma para prevenir a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis com a Aids encontraram apoio nas ambições do governo de promover sexo seguro entre gays chineses.
No escritório da companhia em Pequim, seus usuários podem realizar testes gratuitos de HIV, administrados apenas por membros gays da equipe do app, como forma de diminuir potenciais constrangimentos.
Um pin vermelho no app dá aos usuários do Blued acesso fácil a informações sobre o uso de camisinha e Aids. Ele oferece às autoridades um modo de se comunicar com os homens gays, um grupo que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, tem alto risco de contágio.
— Nas ruas, é difícil para pesquisadores encontrarem grupos gays — afirma Ma. — Nós podemos ajudar o governo a alcançá-los.
Denison Duarte – Amarante (PI)