Last updated on 27 de junho de 2025
Uma operação de fiscalização no interior da Bahia resgatou 57 trabalhadores, sendo 30 deles do Piauí, submetidos a condições análogas à escravidão na extração de carnaúba e sisal. As imagens revelam um cenário de total abandono e violação de direitos humanos.

Operação de fiscalização revela cenário degradante no interior baiano
Uma força-tarefa coordenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou, nesta semana, um grupo de 30 trabalhadores rurais piauienses que viviam em condições desumanas em uma fazenda no interior da Bahia. No total, 57 pessoas foram encontradas no local, atuando na extração de carnaúba e sisal, duas atividades historicamente marcadas pela precarização do trabalho.
A ação foi desencadeada após denúncias chegarem aos órgãos de fiscalização, que se depararam com uma realidade chocante. Segundo o procurador regional do trabalho Edno Moro, que coordena as ações de combate ao trabalho escravo na região, a situação evidencia a persistência desse crime, que continua a vitimar pessoas em busca de oportunidades longe de casa.
“Jogados em Pedaços de Papelão”: As condições dos trabalhadores

As imagens divulgadas pela equipe de fiscalização são explícitas e demonstram o total descaso com a dignidade dos trabalhadores. As condições encontradas no alojamento são um retrato fiel do que a lei define como trabalho degradante:
- Alojamento precário: Os trabalhadores dormiam sobre pedaços de papelão, diretamente no chão, sem colchões ou camas.
- Falta de higiene: Não havia banheiros adequados. As necessidades fisiológicas eram feitas em áreas improvisadas e insalubres, sem qualquer condição de saneamento básico.
- Ausência de estrutura: O ambiente para banho e preparo de refeições era igualmente improvisado, expondo os trabalhadores a riscos de doenças.
Aliciamento e exploração: O problema recorrente na cadeia da Carnaúba
Um detalhe que agrava o caso é que o recrutamento dos trabalhadores foi supostamente realizado por um conterrâneo, um “piau”, como é popularmente conhecido. Essa tática, conhecida como aliciamento, é comum: uma pessoa da mesma região das vítimas promete boas condições de trabalho e salário, mas ao chegarem ao destino, os trabalhadores se deparam com uma realidade de servidão por dívida e exploração.
A cadeia produtiva da carnaúba, apesar de sua importância econômica, é um dos focos de maior atenção das autoridades. A extração da palha, matéria-prima para a cera, frequentemente ocorre em condições precárias, longe dos olhos da fiscalização, tornando-se um terreno fértil para a exploração de mão de obra.
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