Os ânimos se exaltaram durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores neste sábado, 25. O assunto amplamente discutido foi o afastamento dos servidores, realizado na nova gestão do Hospital Dr. Francisco Ayres Cavalcante, em Amarante, no início de abril deste ano.
Ao todo, 23 servidores da ServiSan e Limpel, que prestavam serviços ao hospital foram afastados e, seguindo orientações das referidas empresas, ambas contratadas do governo do estado, os funcionários devem dar expediente nem que seja do lado de fora do hospital para não serem demitidos por abandono de emprego. O expediente continua sendo feito, com a assinatura diária da folha de frequência dos 23 servidores. O afastamento ocorreu com a mudança de gestão, cuja direção tem à frente o odontólogo, Dr. Luís Antonio.
Ele, segundo os servidores, está sendo usado para as decisões políticas ocorridas no hospital, que hoje está na mira do Ministério Público. O promotor, Dr. Afonso Aroldo Feitosa Araújo, segundo o ofício emitido no dia 15 de abril destinado ao hospital, quer esclarecimentos sobre suposta compra de votos dentro da instituição, que pode estar ocorrendo com contratações irregulares visando as próximas eleições municipais. O diretor Luís Antonio foi convocado para dar explicações aos vereadores na sessão deste sábado, mas decidiu não comparecer.
Para os servidores e alguns vereadores de oposição o fato representou uma decisão unicamente política. De acordo com o vereador Inácio Pinto de Moura o vice-prefeito Clemilton Queiroz e o atual diretor Luís Antonio não tem nada a ver com a medida. Inácio vai mais longe e afirma que o afastamento foi uma decisão apenas do secretário estadual de Saúde, Dr. Francisco Costa. “O hospital está quebrado daquele jeito, mas quem botou para fora não foi ele (o diretor) e sim o secretário de Saúde.”
No Legislativo, o vereador pertence à bancada do atual prefeito Luiz Neto (PSD), que apoiou nas últimas eleições o governador Wellington Dias (PT). A afirmação de Inácio Pinto contra o secretário estadual de Saúde provocou estranheza aos presentes.
A vereadora Milana Vilarinho (PT), rebateu as acusações feitas ao secretário. “Não estamos aqui para acusar o diretor do hospital, mas posso afirmar que o secretário estadual não estava sabendo disso. Eu fui a primeira a avisá-lo do que estava acontecendo em Amarante.” Milana afirmou ainda durante a sessão que, ao secretário, o vice-prefeito de Amarante negou tudo e ainda afirmou que não havia afastado nenhum servidor.
“Sem sombra de dúvida, isso é perseguição política”, afirmou na tribuna o funcionário contratado da ServiSan, Guilherme Teixeira. Segundo ele, o afastamento dos servidores é uma agressão que leva o profissional ao desgaste psíquico, moral, físico e psicológico.
O vereador José Ribeiro assegura que contra fatos não há argumentos. “Amarante não cresce por conta de pensamentos pequenos como esse. O fato de o diretor do hospital não vir, reforça tudo o que foi dito nesta sessão. E eu prefiro acreditar no que eu estou vendo. Nós não estamos questionando a atitude que ele tomou, e sim a forma desrespeitosa às questões trabalhistas, à dignidade da pessoa humana e do trabalhador.” Ninguém nunca foi visto na história desse hospital”.
De acordo com sugestões do vereador Diego Teixeira, os vereadores vão ao hospital ouvir o diretor. “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”, disse ele. “Isso não pode continuar acontecendo com os nossos servidores”, encerra.
Edição, postagem, audio e fotos: Denison Duarte