‘Ao presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma, com o coração na mão, digo que o perdoo, por todo o dano que provocou a mim e a minha família’, disse o senador opositor na carta enviada de Brasília e divulgada hoje em La Paz pelo seu partido, o Convergência Nacional.
Roger Pinto acrescentou que seu ‘coração e sua consciência continuarão se rebelando e lutando contra o obscuro poder Morales que representa’, assinou na ‘Carta aberta ao povo da Bolívia’.
O senador também disse ‘que a justiça que foi historicamente negada aos povos indígenas não se repara com abusos, perseguições e sangue dos próprios bolivianos’.
‘Seguirei sendo um militante contra o narcotráfico que degrada minha Bolívia, que mata e destrói nossos valores. Contra a corrupção, o abuso de poder e a humilhação dos bolivianos que pensam diferente do senhor (Morales)’, escreveu Roger Pinto.
O senador esteve refugiado durante 454 dias na Embaixada do Brasil em La Paz, desde 28 de maio de 2012, onde conseguiu asilo ao denunciar que era um ‘perseguido’ político do governo, acusação sempre negada por Evo Morales.
Segundo o governo, Roger Pinto enganou as autoridades brasileiras para obter a condição de asilado político, pois tem contra ele 20 acusações de corrupção. Esse foi o motivo para que a Bolívia negasse o salvo-conduto para o senador sair do país e vir para o Brasil.
Os ministros bolivianos confirmaram nas últimas horas as denúncias contra Roger Pinto e o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, chegou a chamá-lo de ‘mitômano’ ao rejeitar todas as denúncias que o senador faz contra o governo boliviano.
O senador da oposição saiu da embaixada brasileira em La Paz na sexta-feira em condições ainda não totalmente explicadas e chegou por terra no sábado ao país com ajuda do encarregado de Negócios do Consulado, Eduardo Saboia, em um carro oficial e escoltado por militares brasileiros.
Em sua carta pública, Roger Pinto agradece a Saboia, a quem define como ‘um homem valente e inteligente, que sabia do risco que corria e mesmo assim ajudou na missão’. Para ele, estar no Brasil recuperou a liberdade que ‘foi injustamente tirada há 454 dias’ e assim termina uma ‘longa jornada de protesto contra a violação dos direitos humanos na Bolívia’.
O governo da Bolívia entregou hoje uma nota diplomática à embaixada brasileira para expressar sua preocupação pela fuga e exigir explicações oficiais. EFE