Papagaio, de Amarante, uma lenda do futebol piauiense

José Maria da Costa, mais conhecido como Papagaio, é um nome que historicamente impõe respeito no futebol piauiense. Natural de Amarante, no Centro Sul do Piauí, ele se destacou como um dos grandes jogadores do Flamengo do Piauí, e sua trajetória é um verdadeiro testemunho da paixão pelo esporte.

A infância em Amarante

Desde criança, Papagaio já demonstrava uma intensa atração pelo futebol. Com infância vivida em Amarante, ele se lembra com emoção dos tempos em que jogava nas ruas de Amarante, com bolas feitas de meias, especialmente em frente à casa de seu amigo Manuelzinho. Foi nesse ambiente amistoso que ele recebeu o apoio dos amigos e da comunidade, foi quando começou a desenvolver suas habilidades no futebol.

O reconhecimento

Em 1960, a vida de Papagaio mudou quando ele foi convocado para o exército em Teresina. A mudança para a capital trouxe desafios, mas também grandes oportunidades. Recomendado por amigos, ele procurou o Tenente Artanhã e rapidamente se destacou no time militar do Flamengo. A dedicação e habilidade de Papagaio logo foram reconhecidas, e ele recebeu uma chuteira nova como símbolo de sua aceitação no time.

Papagaio brilhou no Flamengo do Piauí, conquistando o bicampeonato nos anos de 1964 e 1965, jogando como lateral esquerdo. Seu desempenho chamou a atenção de outros clubes e até do próprio Mané Garrincha, que o convidou para jogar no Botafogo. No entanto, devido às suas obrigações militares e sua lealdade à cidade natal, ele decidiu não seguir esses caminhos.

No dia 9 de dezembro de 1962, o estádio Lindolfo Monteiro, em Teresina, sediou um confronto entre Flamengo e Piauí. Este jogo, que teve uma arrecadação de Cr$ 28.500,00, foi arbitrado por Francisco de Assis Castelo Branco, com o auxílio de Antônio Milton Vilanova e Renato Barreto de Moraes.

A escalação do Flamengo foi a seguinte escalação: Antônio João no gol, Zé Carneiro, Maneca e Braz na defesa, Pontes e Papagaio no meio-campo, e um ataque formado por Valdimir, Silvio Rocha, Ribamar, Bião e Agripino. O destaque da partida foi Silvio Rocha, que marcou o único gol do jogo aos 31 minutos do primeiro tempo, garantindo a vitória do Flamengo por 1 a 0.

As homenagens

Luís Alberto, escritor e grande conhecedor do futebol piauiense, não esconde sua admiração por José Maria da Costa, o Papagaio. Em suas palavras emocionadas, ele ressalta a importância de eternizar a história desse ícone do esporte. Luís Alberto destaca que Papagaio foi “considerado o melhor lateral esquerdo do Norte e Nordeste do Brasil” durante sua época, evidenciando o impacto significativo que ele teve no cenário esportivo.

Ele ainda relembra a fascinação e a comoção que a história de Papagaio provoca: “É fascinante. E isso aí comove a gente. […] É uma brilhante passagem do nosso amigo Papagaio, conhecido como um dos melhores laterais esquerdos do futebol nordestino.”

Orlando Ribeiro, um desportista que conhece de perto a trajetória de Papagaio, expressa com emoção a importância dele como jogador profissional para Amarante e para o Piauí. “A gente está aqui num momento muito especial, buscando a memória desse grande amarantino. Na minha mente, ele foi o maior destaque dos anos 60 e 70, principalmente. Ele atingiu um nível muito alto praticando futebol, um esporte hoje cobiçado por muitos. No futebol brasileiro atual, há uma carência de jogadores como ele, que alcançou um patamar muito alto. Papagaio é uma criatura que deveria ser mais lembrada nos meios culturais de Amarante. Acho uma injustiça que ele não receba o devido reconhecimento. Na sua época, ele foi o rei do futebol em nossa cidade.”

Contribuição para o esporte de Amarante

Mesmo após se aposentar do futebol profissional, Papagaio continuou a contribuir para o esporte em Amarante. Portanto, ele jogou pela seleção local em competições intermunicipais e sempre manteve o orgulho de representar sua cidade. Papagaio recusou várias propostas financeiras para jogar em clubes de outros lugares, preferindo sempre a lealdade à sua terra natal.

Antonio Ribeiro, conhecido como Tota, é o idealizador da homenagem a José Maria da Costa, o Papagaio. Em suas palavras, Tota explica o motivo dessa iniciativa: “Eu sempre gostei de resgatar as coisas, valores, educação, futebol. O Papagaio é uma pessoa muito querida e eu o respeito muito, somos compadres. Achei por bem tomar essa iniciativa. Então, essa entrevista com Papagaio vai marcar uma história, um ciclo muito importante no futebol. Eu acredito que o mundo todo vai ver isso, principalmente os torcedores do Flamengo. A ideia é alcançar esse objetivo, mostrar um valor que estava esquecido. Muitos jovens não sabem quem é o Papagaio, e a gente tem ferramentas gigantes como nossa rede social para divulgar isso. É um momento muito nobre. Parabéns por esse momento aqui conversando entre amigos e transmitindo isso para todo mundo.”

Influenciando gerações

Além disso, Papagaio influenciou gerações com sua história de dedicação e amor pelo esporte, além de deixar uma marca que não se apaga no futebol piauiense. Ao Somos Notícia, ele disse que acredita que o futebol continua sendo uma paixão que deve ser cultivada com respeito e comprometimento, não só pelos jovens do município como também pelos desportistas e idealizadores de políticas públicas.

Portanto, a vida de José Maria da Costa é considerada no Piauí e, de modo especial em Amarante, um testemunho da força do esporte como um instrumento de realização pessoal, profissional e, antes de tudo, capaz de transformar vidas. Por fim, ele continua com sua trajetória exemplar, posicionando-se como uma inspiração para todos os amantes do futebol e para os jovens.