O papa Francisco condenou as lutas pelo poder dentro da Igreja católica durante a tradicional liturgia de Quarta-feira de Cinzas, celebrada na igreja romana de Santa Sabina, com a qual se inicia a Quaresma dos católicos, 40 dias antes da Semana Santa.
“Quando vejo em nosso ambiente diário as lutas pelo poder, pelo espaço, penso que essas pessoas que brincam de ser Deus criador não se deram conta de que não sou Deus”, improvisou o papa, em tom severo, durante a homilia.
O papa, que estava cercado de vários cardeais e bispos, cumpriu o rito de marcar na testa uma cruz com cinzas e pronunciou a fórmula bíblica: “Do pó viestes e ao pó voltarás”.
Durante a cerimônia, o pontífice, que chegou de carro, também marcou a testa de cardeais e bispos, assim como de prelados e fiéis.
O papa visitou primeiro a igreja de Santo Anselmo, a poucos metros de distância, e depois seguiu em procissão para outro templo, vestido com os tradicionais adornos litúrgicos característicos da data.
Nesta quarta-feira, em sua terceira entrevista exclusiva a um veículo italiano, o papa confessou que gosta de “estar entre as pessoas, andar pelas paróquias”, porque se sente “uma pessoa normal”, e não uma “espécie de Super-Homem, ou de estrela”.
Por ocasião da Quaresma, que começa nesta quarta de Cinzas e termina na quinta-feira santa – e que dura 40 dias para simbolizar a provação de Jesus ao permanecer por 40 dias no deserto -, o papa pediu aos católicos que “jejuem” e levem “uma vida sóbria”.
Segundo ele, com isso, envia-se a mensagem de que “se tomou consciência e se é responsável diante das injustiças e dos atropelos que se cometem contra os pobres e as minorias”.
A partir de domingo, o pontífice cumprirá a tradicional semana de retiros espirituais, motivo pelo qual as audiências foram suspensas.
Francisco viajará de ônibus, acompanhado de vários religiosos, para uma casa religiosa da localidade de Ariccia, nos arredores de Roma, onde permanece até sexta-feira, 14 de março.
Na entrevista ao jornal italiano “Il Corriere della Sera”, Francisco contou que decidiu cumprir esses retiros espirituais fora do Vaticano porque, no passado, alguns colaboradores “ouviam as pregações e voltavam a trabalhar”, sem realizar esse jejum que ele considera chave para abandonar a mundanidade e o esbanjamento que castigam tanto a Igreja quanto os católicos.