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Menino autista é amarrado em escola de Araucária-PR; professora é presa

Um caso chocante veio à tona em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba-PR, nesta segunda-feira (7). Um menino autista de 4 anos foi encontrado amarrado em uma cadeira, dentro do banheiro de uma escola particular de Araucária. A criança, que tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3 e é não verbal, estava com os pulsos amarrados por barbantes e uma cinta na região da cintura. A responsável pela ação foi identificada como uma professora da instituição, presa em flagrante.

O que aconteceu na escola de Araucária

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A descoberta veio à luz durante uma operação conjunta do Conselho Tutelar e da Guarda Municipal, acionados por meio de uma denúncia anônima. As imagens do resgate mostram o menino Valentim, de 4 anos, em situação de completo desamparo. Ele estava com os bracinhos amarrados na cadeira, com uma faixa na região da cintura, imobilizado e sozinho dentro do banheiro. Por ser autista não verbal, não conseguia pedir ajuda e apenas chorava.

Investigação em Araucária revela tortura recorrente

A professora foi presa em flagrante e indiciada pelo crime de tortura. A coordenadora da escola também foi levada à delegacia, prestou depoimento e foi liberada, mas outros funcionários da escola ainda serão ouvidos pela polícia. Segundo a advogada da família, os pais da criança não tinham conhecimento de qualquer tipo de abuso e foram informados sobre o caso pelo Conselho Tutelar. Eles relataram que já haviam notado mudanças no comportamento do filho há algum tempo, mas não sabiam a origem do problema. A criança frequentava a escola de Araucaia há três anos.

O mais grave é que, depois que o caso foi denunciado, descobriu-se que não foi apenas uma vez que a criança passou por isso dentro da escola. Fotos tiradas por quem ajudou a denunciar mostram a criança com roupas diferentes em uma das imagens e, em outra, o menino autista está em uma sala também amarrado, o que indica o uso de outros espaços da escola para mantê-lo em cárcere. A advogada da família recebeu vídeos durante o depoimento que mostram Valentim sendo amamentado amarrado, com alguém segurando a mamadeira enquanto ele estava com os braços presos. Essa situação foi classificada como tortura, maus-tratos de criança deficiente e omissão de socorro de toda a escola.

Revolta da família e omissão da direção em Araucária

Em um áudio exclusivo, a diretora, que também é proprietária da escola, demonstrava ter ciência do que faziam com o menino autista, afirmando que “às vezes precisa conter” a criança. Ela chegou a questionar o fato de o menino ter sido encontrado no banheiro às 15h, horário que não seria de lanche ou almoço. A família, desolada, confiava plenamente na instituição, pois sempre disseram ter apoio e cuidar de crianças autistas, enviando áudios carinhosos sobre o “Valentinzinho”. A própria dona da escola se gabava de ser autista e ter uma filha autista, afirmando que sabia como tratar as crianças, e havia mais crianças autistas e com Síndrome de Down naquela escola. Essa confiança foi brutalmente traída, resultando na tortura do filho.

O menino autista, que é descrito como uma criança “muito amorosa”, que “não é agressivo, não bate, não morde, só abraça”, passou por avaliação médica na UPA e também foi encaminhado para exame de corpo de delito. A advogada vai pedir à justiça o encerramento das atividades da escola, pois tomou conhecimento de que não se trata de uma situação pontual, e sim de muitos maus-tratos por várias pessoas, incluindo a dona, a coordenadora e a pedagoga. Os pais esperam que, com as investigações, descubram há quanto tempo ele sofria os maus-tratos, já que ele ficava em tempo integral no colégio.

O delegado Palumbo ressaltou que, para pais que fazem o impossível para manter o filho em uma escola de qualidade, uma notícia como essa gera revolta inevitável, sendo uma situação criminosa de tortura. Há preocupação de que a criança possa ter uma regressão em sua evolução e desenvolvimento. A comunidade de Araucária e a sociedade em geral aguardam que a justiça seja feita, com a responsabilização de todos os envolvidos neste crime hediondo, que não pode ficar impune.

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