Em 2021, as empresas chinesas investiram US$ 5,9 bilhões no Brasil. Segundo o Conselho Empresarial Brasil-China, a cifra é a maior registrada desde 2017 e 208% superior à registrada em 2020, quando os negócios globais e as aplicações chinesas em particular foram afetadas pelas consequências da pandemia da covid-19.
Os dados constam de estudo que o conselho divulgou hoje (31). O documento indica que, mesmo em um contexto de instabilidade global, as companhias chinesas implementaram 28 grandes projetos empresariais em território brasileiro, retomando o ritmo de crescimento iniciado em 2016 e interrompido em 2019.
De acordo com o coordenador do estudo, o diretor de Conteúdo e Pesquisa do conselho, Tulio Carrielo, com a retomada do interesse dos empreendedores chineses, empresas que já atuavam no Brasil expandiram sua presença e novos atores aportaram no país. Exemplo deste segundo caso é a fabricante de veículos Great Wall, que comprou a fábrica da Mercedez-Benz em Iracemápolis no início do segundo semestre de 2021 e oficializou sua apresentação em janeiro deste ano.
“A estratégia de internacionalização da empresa, inclusive para a América do Norte, passa pelo Brasil, primeiro país a produzir [os veículos da Great Wall] nas Américas. Somos a porta de entrada para todo o continente, já que a empresa pretende aprender aqui a como fazer negócios com os demais países continentais”, afirmou o diretor de relações governamentais da empresa, Pedro Betancourt, assegurando que o plano de negócios da companhia prevê uma relação de longo prazo.
Segundo Tulio Carrielo, mesmo que positivos quando analisados em perspectiva, os investimentos chineses, em 2021, voltaram aos patamares registrados no período imediatamente anterior à pandemia. Em 2018, por exemplo, houve 31 grandes projetos chineses efetivados no país. Em 2017, 28. Além disso, com a gradual retomada da atividade econômica após parte dos países vacinarem parte significativa de suas populações, não só os investimentos chineses, mas os aportes externos em geral aumentaram no Brasil.
O estudo indica que o incremento das aplicações chinesas no Brasil foi “superior” à expansão dos investimentos chineses em outros países.
“A tendência é que não haja novos grandes picos de investimentos futuros, que haja uma estabilidade por ao menos algum tempo, pois me parece que [os investidores chineses] agora estão priorizando a qualidade dos projetos, em detrimento da quantidade”, afirmou Carrielo,ao citar o Brasil como “centro de gravidade” dos investimentos chineses na América do Sul.
Setores
Ainda segundo o estudo do Conselho Empresarial Brasil-China, o setor de eletricidade atraiu 13 dos 28 projetos instalados no país ao longo de 2021, ou seja, 46% do total. Outro destaque foi o setor de tecnologia da Informação, com 10 projetos – quase o mesmo número (12) de empreendimentos setoriais implementados entre 2007 e 2020.
Em termos de valor, a área de petróleo absorveu 85% dos US$ 5,9 bilhões que as companhias chinesas alocaram no Brasil em 2021, superando o anterior domínio do setor elétrico.
“Estamos colhendo os frutos de uma relação de muitos anos”, disse a economista Tatiana Rosito, que é membro do conselho. Para a economista, apesar das incertezas e instabilidades, as empresas chinesas estão fazendo apostas de longo prazo no Brasil. A opinião é confirmada por José Renato Domingues, vice-presidente corporativo da energética CTG Brasil, no país desde 2013.
“Nestes nove anos, fazemos aquisições de ativos e de empresas para operar usinas e parques eólicos. Os principais atrativos que a empresa vê é a oportunidade de crescimento. E um dos aspectos que observamos é o respeito aos contratos e à propriedade intelectual”, comentou Domingues. Segundo, desde o início, quando assumiu o desafio de construir e operar em seu país de origem, a maior usina hidrelétrica do mundo, das Três Gargantas, a CTG tem olhado para o Brasil.
“Até hoje, sempre que recebemos nossos colegas chineses, os levamos a visitar a Usina Hidrelétrica de Itaipu, que inspirou o projeto das Três Gargantas e segue inspirando os chineses.”
Edição: Maria Claudia
Fonte: EBC Economia
Compartilhe este post