‘Grande almoço’ segue grande coroação celebrando o rei Charles

Sob um dossel verde frondoso no Regent’s Park, em Londres, Valent Cheung e sua namorada apareceram para saudar o novo rei com os vizinhos que os abraçaram quando se mudaram de Hong Kong. Eles embelezaram seu leal e “real” cachorro branco fofo, Tino, com uma pequena coroa roxa para a ocasião.

“Esta é uma nova era para o Reino Unido”, disse Cheung. “Não tínhamos essas coisas em Hong Kong. Agora, estamos abraçando a cultura. Queremos aproveitá-lo, queremos celebrá-lo.”

De pequenos vilarejos à capital, a Union Jack pendurava nas casas e voava nas mesas e árvores em comemoração ao rei recém-coroado. Foi impresso em guardanapos e toalhas de mesa, chapéus e laços. Alguns usavam as cores da bandeira como um uniforme – vestidos de vermelho, branco e azul da cabeça aos pés e chegando até as unhas.

As reuniões da comunidade, parte de uma tradição britânica conhecida como Big Lunch, tinham como objetivo reunir os vizinhos para celebrar a coroação, mesmo quando o apoio à monarquia diminui. Os críticos reclamaram do custo da coroação em um momento de despesas exorbitantes em meio à inflação de dois dígitos.

Milhares de almoços foram organizados como parte das comemorações de domingo, junto com um show noturno no Castelo de Windsor com Katy Perry, Lionel Richie e a boy band dos anos 1990, Take That. Charles encorajou os residentes a se envolverem em atividades voluntárias na segunda-feira, que o Reino Unido tornou feriado.

O rei e a rainha Camila eram esperados para assistir ao concerto, mas não apareceram em nenhum dos piqueniques, deixando esse dever para outros membros da família real.

Seu filho, o príncipe William, herdeiro do trono, e sua esposa, Kate, surpreenderam as pessoas que faziam piqueniques do lado de fora do castelo antes do show. Vestidos muito mais casualmente do que no dia anterior, eles apertaram as mãos e Kate abraçou uma garota que chorava.

Os irmãos do rei, Edward, o duque de Edimburgo, e Anne, a princesa real, e suas esposas assumiram o dever de almoço para a família real. Edward estava em Cranleigh e sua irmã participou de um evento em Swindon. As sobrinhas do rei, a princesa Beatrice e a princesa Eugenie, filhas do príncipe Andrew, iriam almoçar em Windsor.

O primeiro-ministro Rishi Sunak recebeu a primeira-dama dos Estados Unidos Jill Biden e sua neta Finnegan Biden na festa Big Lunch realizada em frente a seu escritório. Outros convidados incluíam refugiados ucranianos e ativistas comunitários.

Como o piquenique no parque, Downing Street e a pasta de Sunak – até mesmo seu bule – foram enfeitados com as cores da nação.

Rolinhos de salsicha e salmão foram servidos junto com frango da coroação – um prato preparado para a coroação da rainha Elizabeth II há 70 anos – e quiche da coroação, que foi escolhida para atender ao gosto de Charles e tem sido o burburinho das mídias sociais. muitas vezes pelas razões erradas.

Os eventos discretos seguiram a pompa carregada de regalias que viu o rei e a rainha serem coroados juntos na Abadia de Westminster. Eles foram presenteados com espadas centenárias, cetros e uma esfera dourada incrustada de joias. simbolizando o poder do monarca em uma tradição medieval celebrada com liturgia, música e aplausos calorosos de “Deus salve o rei”.

O casal então desfilou pelas ruas em uma carruagem dourada puxada por cavalos liderada pela maior procissão militar cerimonial desde a coroação da mãe de Charles.. Cerca de 4.000 soldados marcharam em formação pelas ruas, suas mangas escarlates e luvas brancas balançando em uníssono ao som de tambores e cornetas de bandas marciais, incluindo um grupo de músicos a cavalo.

Centenas de milhares de espectadores se alinharam na rota na chuva para vê-lo pessoalmente. Quase 19 milhões a mais assistiram na televisão no Reino Unido, de acordo com as avaliações divulgadas pela Barb, uma organização de pesquisa. Isso é cerca de 40% menos espectadores do que assistiram ao funeral da rainha Elizabeth II em setembro.

Charles e Camilla disseram no domingo em um comunicado que ficaram “profundamente tocados” pela celebração e “profundamente gratos a todos aqueles que ajudaram a torná-la uma ocasião tão gloriosa – e aos muitos que compareceram para mostrar seu apoio”.

Nem todo mundo estava lá para comemorar, porém, e as críticas continuaram no domingo sobre as prisões de mais de 50 manifestantes, incluindo membros de um grupo republicano gritando “Não é meu rei” e ambientalistas com o objetivo de acabar com o uso de combustíveis fósseis.

Graham Smith, líder do Republic, um grupo que defende a abolição da monarquia, disse que foi preso enquanto planejava um protesto pacífico e passou 16 horas sob custódia policial.

“Essas prisões são um ataque direto à nossa democracia e aos direitos fundamentais de cada pessoa no país”, disse Smith. “Todo e qualquer policial envolvido no terreno deveria abaixar a cabeça de vergonha.”

A Polícia Metropolitana reconheceu a preocupação com as prisões, mas defendeu as ações da força.

“A coroação é um evento único em uma geração e essa é uma consideração importante em nossa avaliação”, disse a comandante Karen Findlay.

Além das celebrações do almoço, centenas de soldados marcharam pelo centro de Glasgow no domingo para celebrar a coroação.

No Regent’s Park, o champanhe estava no gelo e os celebrantes falaram sobre a novidade do que haviam presenciado. Mas a coroação não foi novidade para Rosemary McIntosh, 95, apenas muito mais vívida do que a que ela viu na televisão enquanto morava no Zimbábue em 1953.

“Não tínhamos TV o dia todo e era preto e branco, então não foi tão maravilhoso quanto este”, disse ela. ___

Helena Alves contribuiu para este relatório.