Os noventa anos de idade de dona Rosa Rabêlo da Silva, comemorados por familiares e amigos na noite deste sábado, 5, um dia após o seu aniversário, emocionou o público presente na Igreja Matriz de São Gonçalo de Amarante.
Pétalas de rosas espalhadas pelo assoalho da Igreja deram as boas-vindas à aniversariante, mas, para os convidados, foi uma clara demonstração do amor à homenageada cultivado no seio da família ao longo de nove décadas.
A FORMAÇÃO FAMILIAR
Nascida no dia 04 de setembro de 1925, na comunidade Côcos, zona rural de Amarante, Dona Rosa do Santana, como é conhecida, casou-se com Luiz Santana – viúvo de seis filho, com quem teve 11 novos filhos. Seu Santana, como era chamado o esposo, a deixou com 98 anos de idade.
Considerada uma mulher de mente obstinada em corpo incansável, a homenageada, inconformada com o analfabetismo que tinha, aprendeu a escrever o próprio nome com muito sacrifício, mas somente conseguiu ler aos 75 anos de idade.
Dona Rosa do Santana, sempre foi considerada determinada em seus desejos com a educação dos filhos, com a dedicação e respeito ao marido, e também com o cuidado a sua mãe, segundo os filhos, sem demonstrar cansaço físico.
Dentre vários, um dos jargões que sempre usou ao longo da formação dos filhos foi: “Meus filhos, façam escadas quando estiverem subindo para não caírem, se tiverem que descer”. Outro, também tocante aos filhos era: “Não quero que meus filhos sejam cegos (das letras) que nem eu”.
Aos noventa anos, Dona Rosa se mostra plenamente feliz com a família, sendo o sucesso profissional dos filhos, enteados e netos, a sua maior glória. Sempre orando pelos entes queridos, a homenageada não perde uma oportunidade para rezar o terço.
Dentre os fatos marcantes, segundo os familiares, ela considera como sua maior amargura a perda simultânea dos filhos Santana Júnior e Santinha, esta última faleceu com o esposo. Todos foram vítimas de acidentes automobilísticos.
A FESTA
As comemorações continuaram na AABB de Amarante com aproximadamente 400 convidados. Incansável, Dona Rosa esteve de mesa em mesa. “Ela não vai se conformar se não passar em todas as mesas”, disse um membro da família.
Com tempo para todos, a aniversariante posou para fotos com amigos, familiares, conhecidos e convidados em geral. “Ela deve estar cansada, mas têm consciência que hoje o dia é dela”, disse Neto Carvalho, filho de Dona Rosa.
AS MENSAGENS
Para o filho Wellington Carvalho, poucos acontecimentos na sua vida tiveram tamanha importância. “É um momento ímpar estar aqui para celebrar os noventa anos da minha mãe, junto com as pessoas que eu vi crescer. Essa especialidade comparo apenas ao nascimento dos meus filhos.”
“A leitura feita por minha irmã contando toda a trajetória de vida da nossa mãe foi o momento que mais me emocionou, pois uma das razões da minha mãe querer aprender a escrever foi para confeccionar o cartão do meu casamento”, completa.
Para o ex-coordenador do núcleo da Uespi, em Amarante, Jaerson Costa, a celebração reservou momentos especiais. “Dona Rosa era uma amiga inseparável da minha mãe. O que mais me tocou foi o instante em que ela, durante a missa, quebrou o protocolo e veio falar comigo. Foi algo incomparável”
“Apesar de Dona Rosa não ter estudado, todos os seus filhos chegaram ao ápice da vida profissional. Essa é uma confirmação de que a educação vem do berço. Quem a conhece sabe da sua lição de vida”, completa o coordenador.
Neto Carvalho, filho da homenageada, conta com emoção os passos galgados pela mãe. Ele assegura que, vendo como a família se constituiu, todo o esforço investido valeu a pena. “A minha mãe quebrou coco para ajudar na formação dos filhos”, disse ele.
“Ela andava 10 quilômetros no lombo de um jumento para completar o Mobral. É um verdadeiro exemplo de vida. Ela sempre foi muito dura na formação dos filhos, mas, no íntimo dela, o correto estava sendo feito. Ela viveu para o marido, para a própria mãe, para os enteados, para os filhos e agora para os netos”, completa.
O policial rodoviário federal, Rogério Macêdo, fala sobre a educação deixada pela homenageada como o maior legado para o município de Amarante. “O que mais me chama a atenção em Dona Rosa, é o que se assemelha aos meus pais, é o dar educação – devendo isso ser visto como o maior legado que os pais podem deixar aos filhos. Essa obstinação de Dona Rosa é o que fica como maior herança para as pessoas do nosso lugar.”
Edição, postagem e fotos: Denison Duarte
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