A polêmica sobre a convocação do volante Leomar para a seleção brasileira tem similares. Os ex-jogadores Vágner e Catanha disseram ao UOL Esporte que foram procurados por empresários que desejavam "vender" a eles uma vaga no time nacional no início de 2000. Eles não revelaram os nomes dos agentes. A seleção brasileira foi treinada por Vanderlei Luxemburgo naquele período.
O discurso dos dois jogadores vai ao encontro de uma polêmica que veio à tona em abril deste ano, mas referente a um período seguinte ao de Luxemburgo, quando era Emerson Leão o técnico à frente do time nacional. Há cerca de seis meses, o presidente do Sport, Luciano Bivar, disse ter pago um "lobista" em 2001 para auxiliar na convocação do ex-volante Leomar, que acabou sendo chamado por Leão.
Em entrevista ao UOL Esporte, o ex-atacante Catanha, hoje com 41 anos, revelou que até poderia ter tido chance na seleção brasileira caso pagasse uma quantia entre US$ 20 mil a US$ 30 mil a empresários. Ele afirma ter recusado e acabou por atuar pelos espanhois em 2000, após passar por um processo de naturalização.
"Na época, a seleção brasileira era muito controlada. É um controle muito grande dos jogadores que atuam fora que não têm nome no Brasil. Querem uma porcentagem, querem dinheiro… eu só não fui porque queriam que eu desse dinheiro para ir para seleção brasileira", disse Catanha. "Ele (empresário lobista) falou isso comigo, que eu só iria para a seleção brasileira se depositasse um dinheiro importante. Acho que eram US$ 20 mil. Era pra ser convocado, entende?", continuou.
Catanha afirma não saber se o então técnico da seleção na época do contato, Vanderlei Luxemburgo, sabia ou não da investida dos lobistas sobre ele. E diz não lembrar qual o nome dessas pessoas.
O ex-atacante declarou que o mesmo ocorrera com o seu ex-companheiro de Celta de Vigo Vágner, meio-campista campeão da Libertadores de 1998 com o Vasco e do Paulistão de 2000 com o São Paulo.
Questionado pela reportagem, Vágner admitiu ter sido alvo do mesmo lobby e explicou que a abordagem ocorreu quando ele estava no São Paulo em 2000, pouco antes de se transferir para o Celta. Ele diz que foi pedido a ele R$ 80 mil. Na época, o time era comandado por Luxemburgo. O ex-jogador diz não ter conhecimento se o hoje treinador do Fluminense sabia da investida de lobistas.
"Não sei (se Luxemburgo sabia ou não). Foram três pessoas, só posso te falar isso. Falaram que tinha time interessado em mim na Europa. Naquela época, para atuar em time na Inglaterra, você teria que jogar na seleção. Eles me falaram: ‘você sendo convocado, a gente quer mais 5% além do que você já pagou. O resto, tudo é seu’. Falei: ´depois a gente conversa, pessoal´, e nunca liguei mais", explicou Vágner.
Posteriormente, o volante foi convocado por Leão para a disputa da Copa das Confederações de 2001. A competição foi a mesma disputada por Leomar. Segundo Vágner, ser chamado para aquela competição nada teve a ver com ação de lobistas. "Com o Leão não. Ele me convocou, junto com o Antônio Lopes (então coordenador técnico). Não foi nada disso", explicou.
O UOL Esporte procurou as assessorias de imprensa da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e de Luxemburgo, mas ambos não quiseram falar sobre o assunto.
Já Emerson Leão disse que nem sequer se recorda de Vágner. "Pergunte para as pessoas que supostamente estão falando. Não sei de nada, não lembro de nada. Não tenho amizade com esse rapaz. Nem vou opinar. Não tenho conhecimento", disse Leão, que depois foi questionado sobre a convocação de Vágner para a Confederações . "E daí? Esquece, meu amigo. Não tenho nada a ver com isso e acabou".
Luciano Bivar minimizou os exemplos de Catanha e Vagner ao argumentar que os jogadores acabam sendo facilmente alvo de empresários oportunistas. "Esses jogadores, eles ouvem canto de sereia. Todo dia acontece uma dessa e é conversa furada. Eu sou presidente do Sport pela sexta vez, o que eu vivi no futebol é impressionante", afirmou.
"A grande maioria [das propostas], 99% é papo furado. Eu tenho 69 anos, isso acontece em qualquer grande clube. Quando eu era novo era muito comum, hoje ninguém mais tem coragem de fazer estas ofertas", completou o cartola.
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