Economia do Nordeste cresce acima da média do Brasil

Geral
A Região Nordeste desponta no cenário nacional por seu avanço econômico acelerado, bem acima da média das demais regiões. Diversos indicadores confirmam a continuidade da tendência positiva de aumento da participação da região no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de elevação do PIB per capita e do incremento do volume de investimentos direcionados para os Estados nordestinos.

Dados do último Boletim Regional Trimestral do Banco Central indicam que o Nordeste liderou o crescimento no Brasil entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. No período, a atividade econômica da região cresceu 2,1% em relação ao trimestre finalizado em novembro de 2012, quando havia aumentado 0,7% na mesma base de comparação. Em menor proporção, as atividades econômicas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste tiveram avanço de 1,4%, respectivamente, no mesmo período, seguidas pela Região Sul, com 1,0%, e Norte, com apenas 0,2% de expansão.

O Nordeste atingiu 13,5% de participação no PIB nacional, o maior porcentual da série histórica iniciada em 1995 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço dos Estados nordestinos entre 2002 e 2010 foi de 0,5 ponto porcentual, menor apenas que o ganho da Região Norte, de 0,6 ponto porcentual.

Entre 2002 e 2010, o PIB da Região Nordeste passou de R$ 191,5 bilhões para R$ 507,5 bilhões, um avanço de 165%, menor apenas que a expansão do PIB das Regiões Norte e Centro-Oeste. O Nordeste registrou ainda a maior taxa média anual de crescimento do PIB per capita, de 3,12% entre 2000 e 2010, assim como a Região Norte.

No mesmo período, o PIB per capita brasileiro se elevou a uma taxa anual média de 2,22% e no Sudeste, região mais rica do País, cresceu a taxas médias de 1,81%.

“Todos os Estados do Nordeste registraram um crescimento de PIB per capita maior do que a média nacional, o que está de acordo com o processo de convergência que observamos no avanço da economia brasileira, com os mais pobres com tendência a crescer mais”, afirma Guilherme Resende, coordenador de Estudos Regionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Refinaria Premium 2 na cidade de São Gonçalo do Amarante, no Ceará (Foto: Tasso Marcelo/Estadão)

“O desenvolvimento econômico não tem sido suficiente para segurar a população”, afirma o pesquisador Marden Campos, do IBGE

Qualidade de vida

Apesar do otimismo nos indicadores econômicos, o desenvolvimento do Nordeste ainda não se reflete na qualidade de vida da população. “Os investimentos na diversificação da economia fazem com que determinados municípios puxem o crescimento regional, mas isso não ocorre necessariamente nas demais localidades do entorno. E, embora muitos municípios tenham experimentado uma elevação no PIB, nem sempre isso se reflete na qualidade de vida das pessoas”, analisa Resende.

O Nordeste apresentou o menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil em 2000 e 2010, embora seu crescimento de 2,5% no período tenha sido superior à média nacional e às demais macrorregiões. “O fato de a região ter tido o maior porcentual de avanço é muito positivo, mas isso pode encobrir fatores que sempre acabam deixando o Nordeste para trás, como o elevado índice de analfabetismo, a baixa frequência escolar e o baixo valor investido por aluno.”

Outros indicadores de qualidade de vida, como o porcentual de domicílios com acesso a abastecimento de água canalizada e rede coletora de esgoto, demonstram que o avanço da região não depende apenas da diversificação da economia. Enquanto no Estado de São Paulo 90,8% dos domicílios possui acesso à rede coletora de esgoto e 99,2% ao abastecimento de água canalizada, esses indicadores caem para 16,6% e 72,8% no Maranhão, respectivamente, e 4% e 82% no Piauí.

“São questões que são básicas para o desenvolvimento e que envolvem cidadania. Não precisa ter uma grande indústria em todos os municípios”, pondera Resende. Para o pesquisador, a atração de mais investimentos e empresas para a região depende também de melhorias na infraestrutura de saneamento, acesso e transportes.

Oportunidade

A busca por melhores condições de vida e por um diferencial na distribuição de renda são os fatores que ainda tornam o Nordeste a região com maior saída de emigrantes para outras regiões do País. Projeções do IBGE para 2020 e 2030, divulgadas em 29 de agosto, apontam que a Bahia deve ter o saldo migratório com o maior volume negativo, isto é, com maior saída de emigrantes do que chegada de imigrantes.

Também terão saldos migratórios negativos ainda expressivos, acima de 10 mil emigrantes, os Estados do Maranhão, Ceará, Alagoas, Piauí e Pernambuco, estima o IBGE.

“O desenvolvimento econômico observado nos últimos anos ainda não tem sido suficiente para segurar a população, principalmente, a faixa etária de adultos jovens”, afirma Marden Campos, pesquisador do IBGE.

O estereótipo do emigrante nordestino que partia com toda a família para se fixar nas Regiões Sul e Sudeste se modificou para um perfil de jovens que viajam sozinhos em busca de qualificação profissional com possibilidade de seguir para outros destinos.

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