Nesta sexta-feira (22), é celebrado o Dia da Comunidade Libanesa no Brasil. Formada em sua maioria por descendentes, é maior do que a população do Líbano. Estima-se que são cerca de 10 milhões de libaneses e descendentes em território brasileiro, contra os 6 milhões que vivem no Líbano.
A imigração libanesa no Brasil começou no período colonial, quando os primeiros árabes chegaram ao país para trabalhar como comerciantes. Na época, os otomanos dominavam o Oriente Médio e muitos cristãos fugiam do Líbano em busca de uma nova vida.
A história registra que a primeira grande leva de libaneses desembarcou em terras brasileiras na década de 1880. O imperador Dom Pedro II viajou à região em 1876 e abriu as portas do país para recebê-los.
Naquela época, a região onde ficam países como o Líbano e a Síria faziam parte do Império Otomano. Os primeiros imigrantes daquela região muitas vezes eram confundidos, mas incorporaram esses laços em comum, como na fundação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um dos mais importantes do Brasil, idealizado pelo imigrante Adma Jafet.
Com o fim do Império Otomano, após a Primeira Guerra Mundial, o Líbano moderno foi criado oficialmente em 1920, mas ficou sob tutela da França. Somente em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, teve a independência reconhecida. Foi neste contexto histórico que muitos libaneses deixaram suas famílias e embarcaram nos portos rumo ao Novo Continente. Aqui, uma vez estabelecidos, mandavam vir os familiares.
“Os libaneses vieram para o Brasil e se concentram em sua grande maioria nas cidades. É uma migração eminentemente urbana. Originalmente, a intenção desses imigrantes era fazer uma migração temporária pro Brasil. Vir pro Brasil, ficar aqui dois, três anos, juntar dinheiro e voltar pro Líbano.
O problema é que por conta dessa situação de instabilidade [no Líbano], o que era temporário passou a ser permanente”, explica o historiador Murilo Meihy, em referência à turbulência pela qual o país atravessaria ao longo do século XX, como a luta pela independência da França e as disputas internas dos grupos confessionais pelo controle do Estado libanês, que culminou com a Guerra Civil Libanesa (1975-1990).
Há também muitos descendentes nascidos no Brasil que voltaram para a terra dos seus antepassados. O Itamaraty estima que pelo menos 20 mil brasileiros vivem no Líbano. A maioria no Vale de Beqaa, uma importante região para o país por suas terras férteis.
Texto: Karla Neto
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