A necessidade de irrigar o milho

Geral

A produção de milho irrigado sempre foi associada à produção de sementes. Entretanto, tem-se verificado que a produção deste tipo de milho visando à produção de grãos tem aumentado em muitas regiões, com altos rendimentos e rentabilidades significativas, considerando os preços atuais.
Um primeiro passo ao se analisar a viabilidade de se produzir milho com irrigação é verificar se ele produz bem em condição de sequeiro e quais as outras limitações que pode apresentar quando for cultivado fora da época de chuvas. Se a limitação maior for déficit hídrico, este pode ser resolvido com o uso da irrigação. Se há outras limitações, como temperatura e fertilidade do solo, a irrigação per se não viabilizará o cultivo.
A decisão de irrigar ou não deve levar em consideração diversos fatores, entre os quais a quantidade e distribuição da chuva, o efeito da irrigação na produção, a necessidade de água da cultura e a qualidade e disponibilidade de água da fonte, além dos óbvios aspectos econômicos. O fator técnico mais importante que determina a necessidade de irrigação do milho em uma região é a quantidade e distribuição das chuvas e a sensibilidade da cultura ao déficit hídrico. Outras razões para se utilizar irrigação são o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade do produto, a produção na entressafra, o uso mais intensivo da terra e a redução do risco do investimento feito na atividade agrícola.
Aspectos econômicos
Um fator relevante na produção do milho irrigado é a análise do seu custo. Além do investimento no sistema de irrigação, o custo de produção deve ser elaborado. Como o padrão tecnológico para a produção do milho irrigado é um dos mais elevados, então também é mais alto o custo de produção. Entretanto, em função do preço do produto no mercado, deve-se observar o ponto de equilíbrio para a produtividade tornar-se economicamente viável. Em passado recente, uma análise de custo em sistema por pivô central mostrou que esse ponto de equilíbrio estava em torno de 4 a 5 toneladas de grãos por hectare, cujo peso da irrigação no custo de produção estava em torno dos 30% do custo total. É claro que esses índices são muito variáveis de acordo com peculiaridades do local, da época de produção e da conjuntura do momento do mercado do milho.
Sistemas de irrigação
Definida a viabilidade de irrigação para a cultura do milho, após a análise de todos os fatores positivos e negativos que possam afetar o sistema de produção irrigado, é o momento de implantar o sistema de irrigação.
A decisão sobre o tipo de sistema a ser implantado é, basicamente, função do tamanho da área a ser irrigada. Áreas de tamanhos extensos, com topografia de encostas com baixa declividade ou plana, se adaptam melhor ao sistema pivô central ou linear móvel ou, em alguns casos, aspersão por autopropelido. Entretanto, em áreas menores, como as mais utilizadas em agricultura familiar ou orgânica, que também são muitas vezes usadas para cultivos de milho especial (por exemplo, milho-verde ou milho-doce), o sistema por aspersão convencional ou em malhas poderia ser o mais adequado.
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Benefícios da irrigação
Já é sabido do bônus ao se utilizar a irrigação como tecnologia para incrementar a produtividade do milho. Entretanto, não se pode observar a irrigação como uma tecnologia isolada, sem considerar a sua interação com as demais tecnologias para aumento de produtividade. Portanto, sempre se diz que sistema de produção irrigado não é idêntico ao sistema de produção de sequeiro adicionado de irrigação. São aspectos distintos, embora a adição da água controlada por irrigação sobre um sistema de produção de sequeiro possa interferir positivamente com algum grau de ganhos de produtividade, porém, isso não é maximizado se não forem consideradas as outras tecnologias interagindo com a irrigação, como, por exemplo, uso de fertilizantes, controle fitossanitário, uso de sementes melhoradas mais responsivas, uso de máquinas e implementos, sistemas de produção ajustados à conservação de água e solo, dentre outros.
Dificuldades da irrigação
Em todos os casos, utilizando-se uma assessoria técnica, após a decisão de implantar a irrigação, é necessário fazer o dimensionamento do sistema. O custo de implantação é relativamente elevado, por isso a importância de um dimensionamento bem elaborado, momento em que serão levantados a potência do conjunto motobomba, os diâmetros das tubulações, o circuito elétrico, se for o caso, as obras hidráulicas etc. Uma vez instalado o sistema no campo, chega a vez de fazer o manejo, que é a tomada de decisão dos dias de irrigar e as respectivas lâminas de água a aplicar por evento de irrigação.
Muitas vezes o agricultor se preocupa mais com o dimensionamento para a implantação do sistema, tendo em vista que é mais visível o desembolso de recursos financeiros, do que com o manejo da irrigação do dia a dia. Ambos os fatores são importantes. Afora esses aspectos, ainda se observam muito desperdício de água, má uniformidade de distribuição da água e mau funcionamento hidráulico dos vários sistemas de irrigação implantados.
O manejo da irrigação
Infelizmente, a cultura do manejo da irrigação ainda não está satisfatoriamente introduzida na mente dos agricultores irrigantes brasileiros. Apesar de todos os benefícios e do alto investimento realizado pelos agricultores para implantar a irrigação, a maioria deles não dá a devida importância ao manejo da irrigação, devido a inúmeras causas, dentre elas podem ser citadas: carência de dados edafoclimáticos, falta de consultoria especializada, outras prioridades das atividades, desconhecimento da metodologia de manejo, custos do bombeamento não tão elevados, inexistência do pagamento pela água etc. Tudo isso leva a uma baixa eficiência global da irrigação, com o comprometimento da sustentabilidade ambiental e socioeconômica do sistema de produção irrigado. Há disponíveis no mercado diversas ferramentas computacionais (softwares) para fazer dimensionamento de sistemas ou manejo de irrigação. Instituições públicas ou privadas disponibilizam tais ferramentas, sendo que muitas delas são gratuitas.
 
Página atualizada por José Augusto (Cabeça)
Especialista em Irrigação

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