Há 27 anos trabalhando com a produção de redes, a piauiense Sofia Sirila é um exemplo de que o artesanato é uma alternativa viável de carreira. Após oscilações no caminho profissional, Sofia conseguiu estabilidade e através do empreendedorismo, seu trabalho chegou a todo o Brasil e ao exterior, em países como Itália e Alemanha.
A história de Sofia teve início no ano de 1979, quando começava a descobrir sua paixão por redes. Grávida e sem condições de comprar o enxoval do bebê, a dona de casa decidiu se matricular em um curso para aprender a costurar e assim confeccionar as roupas do filho. Foi quando Sofia se deparou com a produção de redes e despertou uma habilidade nata. A partir de então, a artesã passou a produzir redes dos mais diversos tipos e não parou mais.
O trabalho da rendeira passou a ter uma maior visibilidade apenas em meados de 2009, quando a própria criou um projeto denominado Mulheres em Rede, que contava com 40 trabalhadoras, todas capacitadas por Sofia. No entanto, em consequência de problemas internos, o projeto funcionou somente por dois anos e a artesã, convicta a não abrir mão do trabalho com redes, passou a atuar sozinha.
Durante a execução do projeto, Sofia conheceu estudantes de Administração que viriam a ser consultores da Agência de Empreendedorismo de Teresina (AgE), uma ação da Secretaria Estadual do Trabalho e Empreendedorismo (Setre) voltada ao fomento do empreendedorismo. Quando a agência iniciou suas atividades, os então consultores conduziram Sofia, que já trabalhava individualmente, até a sede para o fornecimento de orientações sobre gestão empresarial e para a formalização do seu negócio.
Com a legalização, Sofia pôde recorrer à linha de crédito e dar início a uma nova fase da vida. O empréstimo concedido possibilitou a compra de matéria prima e a rendeira reiniciou a venda das redes. Através da AgE, Dona Sofia também conseguiu fixar uma clientela e estabelecer contatos importantes para o seu futuro profissional. “Participei de muitas feiras e eventos com foco no empreendedorismo que me proporcionaram troca de experiências, oportunidades de venda e, sobretudo, de conhecimento e crescimento”, diz.
Atualmente, a artesã revende redes para todo o país e até mesmo para o exterior. “Comecei a participar de feiras fora do Piauí e passei a exportar as redes para outros Estados. Nesse momento, vi a oportunidade de levar meu trabalho para outros países. A chance estava pertinho de mim, aqui no bairro onde moro. A Vila da Paz é bastante visitada por italianos, então passei a mostrá-los as redes e eles compravam para uso pessoal. Foi quando começaram a levar em maior quantidade para vender no seu país. Hoje, além da Itália, minhas redes podem ser encontradas também na Alemanha”, relata a rendeira.
Com tanto tempo de experiência, a habilidade de Dona Sofia foi tão aprimorada que a rendeira consegue reproduzir redes iguais aos que os clientes pedem, sem ao menos precisar ver o modelo, entretanto, a clientela exige em todas, a bainha aberta, marca registrada da artesã. “Quando se deparar com redes que possuem bainha aberta, pode ter certeza que são minhas. Em Teresina e em qualquer outro lugar, eu sou a única a fazer esse tipo de bainha. Até tento fazer algumas sem ela, mas os clientes exigem. É o diferencial”, conta a empreendedora.
Aos 65 anos, Dona Sofia se diz realizada com a profissão que escolheu e os planos ainda são muitos. A rendeira já possui um terreno que está sendo legalizado para a construção de um espaço que abrigará sua equipe, formada por 4 pessoas. Além de Sofia, das 40 mulheres que faziam parte do projeto Mulheres em Rede, apenas 4 ainda atuam na área, sendo que 3 delas passaram a trabalhar com a artesã.
Fonte: Portal Piauí
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