A maternidade é considerado um momento de extrema satisfação para os pais. A romantização desta fase é enfatizada por crenças, valores e até mesmo pela mídia, como algo que provém do divino e que pode exigir um processo de entrega vinda por parte da mulher. Porém, por conta do protagonismo do bebê que acabou de chegar, a puérpera pode enfrentar algumas situações que mexem com o paradigma materno, levando esta mãe a quadros de depressão, por exemplo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontava em 2009, que a depressão pós-parto atinge cerca de 19% das mulheres em países como o Brasil, chamando atenção à temática que emergiu diante de um cenário em que a saúde mental ainda não era tão valorizada.
Dados esses que profissionais da saúde da mulher, como a Dra Cristiane Coelho do Rio de Janeiro, ratificam ao pontuar a crescente preocupação com a saúde mental materna já desde o início da década passada. ”Com anos na área, percebo que a mulher acaba se anulando mediante os cuidados com a criança por insegurança devido à fragilidade do bebê, esquecendo da própria saúde”, explica.
A médica ainda alerta que esse momento de negligência da mãe consigo mesma somado às alterações hormonais, pode levar ao aparecimento de quadros como a depressão e, por consequência em alguns casos, até mesmo ao suicídio.
Devido a crescente discussão acerca da temática, a OMS lança em 2022, um guia de cuidados, ressaltando que 20% das mulheres em puerpério já sentiram a saúde mental afetada por terem pensamentos suicidas ou de automutilação, o que demonstra a importância das autoridades em saúde e da população se atentar à maternidade e seus contextos, entendendo o seu papel também como mediadores desses possíveis conflitos mentais, fortalecendo uma rede de apoio com objetivo oferecer a esta mulher o conforto e alívio durante esse período e, para além disso, fazê-la também compreender a importância do cuidar de si para conseguir cuidar do outro.
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