SÃO PAULO, SP – Com a chegada das férias de julho, uma preocupação crescente toma conta de milhares de famílias em São Paulo: o uso excessivo de celulares, tablets e videogames por crianças e adolescentes. Especialistas da capital paulista alertam que a alta exposição a telas não é apenas uma questão de distração, mas um fator de risco real para o desenvolvimento de problemas de visão, como a miopia, e de transtornos emocionais, como a ansiedade.

A rotina paulistana, muitas vezes marcada por longos períodos dentro de casa e apartamentos, pode intensificar essa dependência digital. “Em uma cidade vertical como São Paulo, onde o acesso a espaços abertos pode ser limitado, as telas se tornam uma saída fácil. O que estamos vendo nos consultórios é uma epidemia de miopia em idades cada vez mais precoces”, afirma a Dra. Mônica Alves, oftalmopediatra e especialista em visão infantil que atende na região da Avenida Paulista.
O aumento da miopia nos olhos paulistanos
A miopia, dificuldade de enxergar de longe, tem crescido de forma alarmante. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já apontou que o excesso de esforço visual para perto, exigido pelas telas, é um dos principais vilões.
“O olho da criança não foi feito para passar horas focado a 30 centímetros de distância. Isso força o globo ocular a se alongar, causando a miopia”, explica a Dra. Alves. A recomendação, segundo ela, é a “regra 20-20-20”: a cada 20 minutos de tela, olhar para algo a 20 pés (cerca de 6 metros) de distância por 20 segundos, para relaxar a musculatura ocular.
Ansiedade e saúde mental: o custo emocional das telas
Além dos olhos, a saúde mental é diretamente afetada. O psicólogo social Jonathan Haidt, autor do livro “A Geração Ansiosa”, aponta uma correlação direta entre o aumento do uso de smartphones e os índices de depressão e ansiedade em jovens. Para psicólogos infantis em São Paulo, essa realidade é visível no dia a dia. O excesso de estímulos, a comparação constante nas redes sociais e a falta de interações presenciais são fatores que contribuem para um quadro de instabilidade emocional.
Como agir: recomendações da OMS e alternativas em São Paulo
Para combater o problema, especialistas reforçam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o tempo de tela:
- Até 2 anos: Zero exposição.
- De 2 a 5 anos: Máximo de 1 hora por dia.
- De 6 a 10 anos: Até 2 horas por dia.
- Adolescentes: Até 3 horas por dia, com pausas.
Para as famílias paulistanas, a boa notícia é que a cidade oferece diversas alternativas para tirar as crianças das telas durante as férias:
- Parques e Áreas Verdes: Uma visita aos parques Ibirapuera, Villa-Lobos, ou da Água Branca pode ser uma ótima oportunidade para atividades ao ar livre.
- Unidades do SESC: Oferecem programação cultural e esportiva gratuita ou de baixo custo em diversos bairros.
- Museus e Centros Culturais: O Museu Catavento, o Museu do Futebol e a Japan House são opções que unem aprendizado e diversão.
O segredo, segundo os especialistas, está em equilibrar o mundo digital com experiências reais, garantindo um desenvolvimento saudável para as crianças e adolescentes na maior metrópole do país.
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