Os treinadores brasileiros parecem ter ficado para trás. À primeira vista, a impressão não engana: apesar de nossa tradição, os comandos táticos nacionais hoje não inspiram o mesmo respeito que há duas décadas.
Em um cenário tão competitivo onde até apostas simples e com valores baixos — pense numa bet com depósito de 50 centavos, por exemplo — já exigem análise precisa, o futebol brasileiro exige que seus técnicos evoluam para recuperar força e credibilidade internacional. Neste texto, vamos investigar se os treinadores brasileiros estão realmente ultrapassados — e, se estiverem, por quê.
A época de ouro dos treinadores brasileiros
Nos anos 1990 e início dos anos 2000, os técnicos brasileiros despontavam como referências globais — tanto no comando da Seleção Brasileira de Futebol quanto nos grandes clubes nacionais. Treinadores como Luiz Felipe Scolari (o “Felipão”) e Vanderlei Luxemburgo eram vistos com prestígio internacional: Scolari levou o Brasil ao título da Copa do Mundo de 2002, consolidando sua marca no cenário mundial.
Luxemburgo, por sua vez, acumulava conquistas nacionais expressivas e chegou a assumir clubes fora do país como o Real Madrid, reforçando o status elevado dos técnicos brasileiros.
Em suma, naquela “época de ouro”, os treinadores brasileiros estavam num ambiente em que poderiam impor estilo e conquistar resultados com consistência — o que contrasta bastante com o cenário atual.
A queda do país do futebol
Desde meados dos anos 2010, o Brasil começou a enfrentar uma série de sinais de declínio no seu futebol de elite, tanto em nível de clubes quanto na Seleção Brasileira de Futebol. Um dos aspectos apontados é a instabilidade dos treinadores: o tempo médio de permanência de um técnico no comando de uma equipe na elite brasileira gira em torno de seis meses. Além disso, cabe observar três fatores que se entrelaçam e aceleram esse declínio:
- Investimento enfraquecido em estrutura e trabalho a longo prazo: muitos clubes não garantem sequência para o técnico implementar ideias, o que retarda o desenvolvimento tático.
- Mercado internacional em disparada, enquanto o brasileiro se retrai: com jogadores sendo negociados cada vez mais cedo e clubes focando em resultados rápidos em vez de base, sobra menos “escudo” para o técnico experimentar e crescer.
- Mudança no nível de exigência global: enquanto os treinadores brasileiros evoluíam em um contexto interno relativamente confortável, hoje precisam se compararem a modelos europeus muito mais estruturados.
Em síntese, o que antes parecia um “fábrica de talentos” hoje vive uma combinação de desafio interno e concorrência externa. Isso não significa que os treinadores brasileiros sejam incapazes — mas que o ambiente mudou e exige adaptações profundas.
O que realmente falta para os técnicos brasileiros?
Nos últimos anos, diversos especialistas apontam falhas estruturais que colocam os técnicos brasileiros em desvantagem frente aos grandes centros do futebol mundial. Um estudo mostrou que a probabilidade de um treinador terminar a temporada no comando de um clube da Campeonato Brasileiro Série A é de apenas ~26 % entre 2012-2017, com tempo médio de permanência por volta de 16,5 rodadas.
Três aspectos são especialmente apontados como carências:
- Formação e atualização tática: há a percepção de que muitos treinadores brasileiros não acompanham metodologias modernas ou não se reinventam.
- Autonomia e paciência para implementar projetos: a necessidade de resultados imediatos impede experimentações, o que limita a evolução do treinador.
- Abertura para ideias externas e internacionalização: o fato de a seleção jamais ter nomeado um técnico estrangeiro até muito recentemente evidencia certa resistência à inovação.
No comando da Seleção Brasileira de Futebol, por exemplo, foi indicado que o momento de mudar para um técnico estrangeiro marcaria o reconhecimento de que “os técnicos brasileiros ainda não acompanharam o ritmo”. Portanto, não se trata apenas de talento ou vontade — o que falta é um ecossistema que permita aos treinadores crescerem com liberdade, acesso à formação atualizada e apoio institucional. Sem isso, mesmo bons profissionais ficam presos a um modelo ultrapassado.
Desenvolver treinadores é parte essencial para recuperar o futebol no Brasil
Para retomar o brilho que o futebol brasileiro já teve, a reconstrução passa inevitavelmente pela formação e evolução dos treinadores nacionais. É justamente aí que está um dos maiores desafios e também a chave para o futuro. Investir em técnicos bem preparados significa criar uma base sólida para desenvolver jogadores, fortalecer clubes e recuperar o prestígio perdido no cenário internacional. Em outras palavras, o Brasil só voltará a ser o “país do futebol” quando voltar a ser também o país dos grandes treinadores.

