O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração surge após Trump anunciar a imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio dos EUA, sem exceções ou isenções. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, ficando atrás apenas do Canadá. Além do aço e alumínio, o governo dos EUA apontou o etanol brasileiro como um possível alvo para tarifas recíprocas.
Lula garantiu que, se os EUA tomarem medidas contra o Brasil, seu governo reagirá com reciprocidade. “Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente. Ou vamos denunciar na Organização do Comércio ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, afirmou Lula em entrevista à Rádio Clube do Pará. Ele também insistiu que haverá reciprocidade em qualquer atitude contra o Brasil.
Em contraste com o tom adotado por Lula, ministros do governo brasileiro têm preferido uma abordagem mais cautelosa, defendendo a necessidade de um diálogo e possíveis negociações com as autoridades americanas. Lula criticou o protecionismo de Trump, afirmando que seu discurso “não tem nada a ver” com a postura dos EUA após a Segunda Guerra Mundial, quando o país defendia o mercado livre. “Eles que foram os autores do Consenso de Washington, que defendiam o mercado livre, agora estão defendendo o protecionismo”, acrescentou.
O presidente brasileiro também mencionou que não há, no momento, um relacionamento com Trump, mas destacou a importância da relação diplomática entre os dois países. “O relacionamento é entre Estado brasileiro e Estado americano. Nós temos 200 anos de relação diplomática”, disse Lula.
A decisão de Trump de impor tarifas sobre o aço e etanol do Brasil é vista como uma mudança na política comercial dos EUA, que tradicionalmente defendia o livre mercado.
O Brasil considera os Estados Unidos um país extremamente importante para as suas relações diplomáticas, e espera que os EUA reconheçam o Brasil como um país de igual importância.
A possibilidade de recurso à OMC e a promessa de reciprocidade indicam que o Brasil não pretende ceder às pressões protecionistas.
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