Um extraordinário relato de sobrevivência emergiu da selva amazônica boliviana, onde cinco pessoas, incluindo uma criança, foram resgatadas após passarem quase 48 horas em um pântano infestado de jacarés. O grupo sobreviveu a uma queda de avião e às adversidades da selva graças à rápida tomada de decisão do piloto e a um inusitado aliado: o vazamento de combustível da aeronave.
Pouso de emergência salva vidas
O desastre aéreo ocorreu na quarta-feira (30), quando uma pequena aeronave que decolou do município de Baures com destino à cidade de Trinidad enfrentou problemas técnicos aproximadamente uma hora após a partida. Pablo Andrés Velarde, o piloto de 27 anos que se tornou herói nesta história de sobrevivência, conseguiu realizar um pouso forçado que salvou todos os ocupantes.
“Caímos em um pântano e, bem ao lado, havia um ninho de jacarés”, relatou Velarde à agência Unitel, descrevendo o momento crítico em que precisou tomar decisões em segundos para garantir a segurança de todos.
Combustível: de perigo a proteção inesperada
Em uma reviravolta surpreendente, o que normalmente seria considerado um risco adicional – o vazamento de combustível – acabou se tornando crucial para a sobrevivência do grupo. O forte odor do combustível derramado na água contaminou o ambiente e, segundo o piloto, foi responsável por afastar os predadores.
“O cheiro forte assustou os animais, fazendo com que não se aproximassem para atacar”, explicou Velarde, demonstrando como técnicas de sobrevivência na selva nem sempre seguem os manuais convencionais.
48 horas de resistência com recursos limitados
Durante as quase 48 horas em que permaneceram isolados no pântano boliviano, o grupo sobreviveu racionando alimentos que o piloto conseguiu recuperar da aeronave submersa. A dieta improvisada consistia principalmente de chocolate e farinha de mandioca – nutrientes suficientes para manter suas energias até o resgate.
Mirtha Fuentes, uma das sobreviventes, compartilhou a intensa emoção vivida pelo grupo: “Todos choramos de felicidade porque estávamos vivos, com hematomas, mas vivos e com muita sorte, graças a Deus e à rapidez de raciocínio e inteligência do piloto.”
Resgate na Amazônia: obstáculos e perseverança
A operação de busca e resgate, coordenada pelo Ministério da Defesa e pela Defesa Civil da Bolívia, enfrentou significativos desafios devido às “condições climáticas adversas” na região amazônica. Apesar de várias aeronaves terem sobrevoado a área, nenhuma conseguiu avistar os sobreviventes nos primeiros dias.
O final feliz desta história de sobrevivência em condições extremas só aconteceu na manhã de sexta-feira (2), quando pescadores locais – profundamente familiarizados com a geografia da selva boliviana – encontraram o grupo e alertaram as autoridades.
Resgate bem-sucedido e reconhecimento presidencial
Após a localização, a Força Aérea da Bolívia enviou helicópteros para transportar os cinco sobreviventes até Trinidad, onde receberam o atendimento médico necessário. Surpreendentemente, nenhum dos integrantes do grupo sofreu ferimentos graves, algo que especialistas em acidentes aéreos consideram excepcional dadas as circunstâncias.
O presidente boliviano, Luis Arce, destacou em comunicado oficial o trabalho exemplar das equipes especializadas no resgate, ressaltando que “os cinco resgatados, incluindo a criança, estão vivos” e recebendo os cuidados necessários em áreas seguras.
Lições de um milagre na floresta amazônica
Este acidente na selva e o subsequente resgate oferecem valiosas reflexões sobre sobrevivência em áreas remotas. Especialistas apontam que a combinação de fatores como liderança em crise, conhecimento técnico do piloto e até mesmo o inusitado papel protetor do combustível derramado criaram as condições para este desfecho positivo.
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