A cabeleireira Mônica Brunner, de Novo Hamburgo (RS), é uma dos sobreviventes do acidente com o ônibus de turismo de Sapiranga, que ocorreu na madrugada desta terça-feira no km 653 da BR-376, em Tijucas do Sul, no Paraná.
Mônica conversou com a equipe de reportagem de “A Notícia” no Hospital Universitário do Cajuru, em Curitiba, enquanto era transferida da sala de politraumatismo do pronto-socorro para a UTI.
O médico que cuidou de Mônica na emergência, Miguel Rodrigues, explica que ela foi para a UTI para que a lesão que ela sofreu no baço fosse melhor observada, já que há risco de hemorragia. Ela também sofreu um traumatismo craniano leve. Ainda não há previsão de alta.
A Notícia – Você estava acordada no momento do acidente?
Mônica Brunner – Acordei uns minutos antes de acontecer.
AN – Quais são as suas lembranças?
Mônica – Lembro que o ônibus chacoalhava muito. Acho que ele bateu em algum lugar antes de cair. Aí eu desmaiei e a minha cunhada me tirou lá de dentro, porque eu estava bem embaixo.
AN – Em que lugar do ônibus você viajava?
Mônica – No meio do ônibus, na poltrona 17, bem na saída de emergência.
AN – O que passou pela sua cabeça depois que o ônibus caiu da ponte?
Mônica – Achei que iria morrer. Gritava para alguém me tirar de baixo, porque eu estava com o corpo muito prensado na janela. As pessoas que estavam sem cinto caíram em cima de mim.
AN – Você já falou com alguém da sua família?
Mônica – Não, só o pessoal do hospital que conversou com eles.
AN – Se você pudesse falar com alguém da sua família agora, o que você diria?
Mônica – Ah, que eu quero muito ir embora (nesse momento os olhos se enchem de água).
AN – Alguém da sua família está vindo para Curitiba para ficar contigo?
Mônica – Não. O meu marido não pode sair porque tem que ficar com a neném de sete meses.
AN – Além da sua cunhada que lhe retirou do ônibus, tinha mais algum parente seu?
Mônica – Outra cunhada. E eu conhecia dois homens que morreram.
AN – Que imagem do acidente não sai da tua cabeça?
Mônica – Ver eles puxando os corpos e o momento que eu fiquei prensada. Foi muito horrível, as pessoas gritavam muito, mas agora estou bem.
AN – Você costuma fazer essa viagem para São Paulo de quanto em quanto tempo?
Mônica – Uma vez por mês, mas dessa vez parece que eu sabia que ia acontecer alguma coisa, não queria viajar, até pensei em trocar a passagem, só que essa era a última viagem, na semana que vem não teria ônibus.