Corrupção no INSS: quase meio milhão de aposentados afirmam que foram vítimas de descontos indevidos

Last updated on 15 de maio de 2025

Um escândalo de descontos indevidos no INSS veio à tona, com quase meio milhão de aposentados e pensionistas reportando terem sido vítimas até as 16h da última quarta-feira (14). A denúncia de corrupção no INSS mobilizou a instituição, que já disponibilizou canais para que os segurados possam verificar e contestar os valores debitados de forma irregular. O sistema online Meu INSS e a central telefônica 135 são as vias para essa verificação, e não há prazo final para o procedimento.

Em um primeiro balanço divulgado pelo presidente do INSS, Gilberto Waller, e pelo presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, os números revelam a dimensão do problema. Dos 480.660 pedidos de revisão de descontos recebidos nas primeiras dez horas de funcionamento do sistema, uma esmagadora maioria de 473.940 (98,6%) segurados informou que os descontos em suas folhas de pagamento foram, de fato, indevidos. Apenas 6.720 (1,4%) reconheceram os débitos como legítimos.

Ao todo, nove milhões de pessoas foram notificadas sobre descontos em suas contas, embora nem todos os casos se configurem como fraude, já que alguns podem ser reconhecidos posteriormente. A maioria dos segurados (450.426, ou 93,7%) utilizou o aplicativo ou site Meu INSS para fazer os pedidos de revisão, enquanto 30.234 optaram pela central 135.

O INSS já identificou irregularidades em todas as 41 entidades que podem realizar descontos e irá notificá-las. Estas terão um prazo de quinze dias úteis para apresentar documentos que comprovem a legalidade dos descontos. Caso não consigam, terão mais quinze dias úteis para devolver os valores de cada pessoa lesada ao INSS. A instituição será responsável por repassar o ressarcimento aos segurados por meio de uma folha de pagamento adicional, facilitando a recuperação do dinheiro do INSS que foi desviado.

No primeiro dia de funcionamento do sistema de contestação, o portal Meu INSS enfrentou sobrecarga devido à alta demanda de acessos. O governo informou que essa instabilidade já era esperada e que a infraestrutura foi ampliada, resultando na estabilização do serviço ainda na tarde de quarta-feira. Contribuiu para o volume de acessos o fato de que 738 mil pessoas que não sofreram descontos indevidos também utilizaram o canal.

Rodrigo Assumpção, presidente da Dataprev, tranquilizou os usuários, afirmando que “não há prazo, não há pressa imediata” e que o sistema estará à disposição para que todos possam interagir “de maneira calma, ponderada, no seu tempo”. O INSS também informou que não foram detectadas filas nas agências físicas, indicando que a comunicação para resolução do problema pelos canais digitais ou telefone está sendo eficaz.