Nas pesquisas eleitorais anteriores, queda de Dilma disparava altas na bolsa; entenda por que foi o contrário nesta quinta-feira, 22.
“Mais do que a alta de Dilma, os investidores olharam para a evolução dos candidatos da oposição”, afirma Carlos Cardoso, economista da Futura Invest. Descontente com a política econômica da presidenta, o mercado preferiu olhar o que, no seu entender, seria a metade cheia do copo. O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) cresceu seis pontos percentuais em relação à pesquisa anterior do Ibope, e está agora com 20% das citações. Já o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), cresceu cinco pontos, para 11%.
Outro dado que animou o mercado foi a queda na taxa de rejeição de ambos. Enquanto Dilma estacionou em uma taxa de 33% nas duas pesquisas, Aécio recuou de 25% para 20%; e Campos, de 21% para 12%. “O discurso dos outros candidatos está mais alinhado às expectativas do mercado”, diz Cardoso.
Menos ingerência
A alta do Ibovespa foi generalizada. Dos 74 papéis de 69 companhias que compõem o índice, apenas seis fecharam em queda nesta quinta-feira. As ações de empresas estatais são as que mais refletem a aposta do mercado em uma eventual troca de governo. O raciocínio é que um novo presidente seria menos intervencionista e reduziria a ingerência política nessas companhias. O caso sempre lembrado é o da Petrobras, que protela os reajustes de combustíveis para não pressionar a inflação. Alinhada a isso, a ação preferencial da Petrobras (PETR4) fechou em alta de 1,26%, negociada a R$ 17,68. Já as preferenciais da Eletrobras (ELET6) avançaram 3,53%, a R$ 9,96.
Para Cardoso, mais do que uma aposta na saída de Dilma do Palácio do Planalto, a esperança do mercado é que a política econômica mude, ficando mais ortodoxa. “A atual política incorpora a tal contabilidade criativa e outros artifícios para fechar as contas”, diz o economista da Futura Invest.
China
Mas a pesquisa do Ibope não foi o único fator que impulsionou a bolsa brasileira hoje. Os bons números da economia chinesa também contribuíram. Segundo um relatório preliminar do banco HSBC, a indústria da China apresentou, em maio, seu melhor desempenho nos últimos cinco meses.
A notícia foi interpretada pelos investidores como um sinal de que a desaceleração da China não será tão forte ou tão repentina, quanto se supunha. Não é por acaso que ações de empresas brasileiras muito dependentes do mercado chinês fecharam em alta hoje. O melhor exemplo é a Vale. Os papéis preferenciais (VALE5) subiram 1,64%, terminando o dia em R$ 26,61, e foram um dos principais responsáveis por sustentar o resultado final do Ibovespa. “A China é uma grande consumidora de commodities, e o Brasil é um de seus grandes fornecedores”, diz Cardoso.
Fonte: Isto é Dinheiro