O Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, tornou-se alvo de uma investigação comercial por parte do governo dos Estados Unidos, uma medida anunciada pelo Executivo do presidente Donald Trump em 15 de julho. A inclusão do Pix na lista de pontos a serem apurados é vista por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda3, como uma resposta direta à sua notável eficiência.
Meirelles classifica o Pix como um sistema “rápido e eficiente”, superior a todo o sistema de pagamento americano. As acusações dos EUA sugerem eventuais irregularidades na adoção do Pix, desenvolvido pelo Banco Central durante o governo Michel Temer e lançado em novembro de 2020. Contudo, para Meirelles, a principal motivação de Donald Trump é a competição que a ferramenta brasileira oferece a gigantes como Google, Apple e Meta. “O Pix é mais eficiente, não há dúvidas”, afirma o ex-ministro59, destacando que Trump alega que o sistema brasileiro “está prejudicando o sistema de pagamento das empresas americanas, que são basicamente oferecidos pelas Big Techs”.
Entenda as Motivações da Investigação
A investigação comercial, que veio junto com o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA310, tem múltiplos pilares. Além do Pix, o governo americano levanta questões sobre o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à responsabilização de empresas de mídia social por publicações ilegais1112.
Henrique Meirelles, em entrevista, defende que as alegações dos Estados Unidos sobre o Brasil beneficiar países como México e Índia com tarifas mais baixas, em detrimento dos EUA, não procedem. “O Brasil faz taxações generalizadas para proteger determinados mercados, mas eu não vejo benefício específico para alguns países”, pontua. Ele sugere que o governo brasileiro deve negociar a revisão da tarifa anunciada por Trump e, se necessário, considerar ceder em algumas taxas vigentes contra os EUA.
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Cenário de Negociação e Respostas
Meirelles descreve Donald Trump como um negociador que “toma riscos fortes” e que “gosta de negociar”. No entanto, ele ressalta que certas questões são “inegociáveis”1116, como as decisões judiciais do STF, pois “o governo brasileiro não vai negociar em nome do Supremo, não faz sentido isso”.
Embora a retaliação com elevação de tarifas brasileiras não seja descartada, Meirelles recomenda cautela. “Pode ser em um ou outro caso, mas não uma coisa generalizada”. Para o futuro, o ex-ministro sugere que o Brasil proteja sua economia buscando novos mercados, com foco na ampliação dos laços econômicos com a China, país com o qual o Brasil não tem “nenhum confronto”.
Para Meirelles, as motivações do governo Trump são uma mescla de política e interesses econômicos14, especialmente no que tange ao alegado prejuízo às empresas americanas de mídia social no Brasil. A política de tarifas é vista negativamente por analistas globais, embora o impacto na economia global ainda não esteja totalmente consolidado

