Um novo medicamento experimental promete revolucionar o tratamento do diabetes tipo 1, condição autoimune que exige aplicações diárias de insulina. A farmacêutica norte-americana Vertex anunciou resultados promissores de sua terapia, o zimislecel, também conhecido como VX-880. Este tratamento inovador, administrado em dose única, transforma células-tronco em células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina.

A pesquisa que culminou neste avanço começou há mais de duas décadas, impulsionada pelo pesquisador Doug Melton, da Universidade de Harvard, que buscava a cura para seus próprios filhos. Após anos de dedicação e o apoio financeiro de universidades, organizações e da própria Vertex, os primeiros dados relevantes foram divulgados. O zimislecel age infundindo células beta cultivadas em laboratório no fígado dos pacientes, onde elas se alojam e começam a produzir insulina, assumindo a função do pâncreas original comprometido pela doença.
Os resultados iniciais, embora ainda incipientes, são considerados muito promissores pela comunidade médica. Um grupo de 12 pacientes foi acompanhado por um ano, e dez deles não necessitam mais de insulina após receberem o medicamento, enquanto os outros dois demandam doses significativamente menores. Todos os 12 participantes ficaram livres de eventos hipoglicêmicos graves e apresentaram um nível de hemoglobina glicada inferior a 7%. Dois outros participantes do estudo, de um total de quatorze que receberam o medicamento, faleceram por doenças não relacionadas ao tratamento, como meningite criptocócica e demência preexistente.
Leia também:
- Saúde anuncia acordo para garantir abastecimento de insulina no SUS
- Anvisa aprova primeira insulina semanal para tratar diabetes 1 e 2
- Saúde anuncia compra de insulina em meio a risco de desabastecimento
Contudo, há um contraponto importante: os pacientes que recebem o tratamento precisam tomar medicamentos imunossupressores pelo resto da vida para evitar que o sistema imunológico rejeite as novas células. O Dr. Irl B. Hirsch, especialista em diabetes da Universidade de Washington, ressaltou que, a curto prazo, os resultados parecem promissores para pacientes gravemente afetados, como os que participaram do estudo.
A Vertex, por ora, não divulgou o custo do tratamento, pois a terapia ainda aguarda aprovação da Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos EUA. Se os dados continuarem positivos, a farmacêutica planeja enviar o pedido de autorização no próximo ano.
No Brasil, mais de 16 milhões de pessoas vivem com diabetes, colocando o país como o sexto com maior número de casos no mundo. Renata Maksoud Bussuan, da Afya Educação Médica, destaca que, além das doses diárias de insulina, os avanços atuais incluem medicamentos semanais e insulinas rápidas, além de comprimidos que diminuem riscos cardiovasculares e renais, com bons resultados em casos de sobrepeso e obesidade. Enquanto o diabetes tipo 1 não possui prevenção devido à sua natureza autoimune, o tipo 2, frequentemente ligado à resistência à insulina, pode ser prevenido com alimentação balanceada, redução do sedentarismo e check-ups regulares.
Compartilhe este post
