O tempo fechado, mormaço, vento chuva ingredientes suficientes para fazer a nossa mente voltar a um passado que nunca se distanciara de nossas vidas. Há exatamente 22 anos esse nosso chão seria lavado com o sangue de amigos que buscavam aprimorarem para o exercício de suas profissões. Um sábado, véspera de domingo de ramos.
O “Hosana hey” que significa a manifestação da divindade de Jesus, dava lugar aos gritos de dor e aos prantos de sofrimentos que dilacerava o coração das famílias amarantinas.
Em cada canto da cidade a expressão de doridos lamentos, flechava certeiramente o coração de nossa cidade. Havia 10 corpos estendidos, dilacerados, mutilados pelas circunstâncias de um momento improvável. O dia havia sido puxado, cansaço os arrastava para seus lares. O inacreditável aconteceu.
Era pais, filhos, amigos, estudantes, profissionais. Enfim, pessoas que galgavam através do conhecimento a concretização de sonhos, a busca da solidez, da dignidade e de uma realização pessoal.
Não é difícil buscar pela memória essas tristes lembranças, fora uma noite traiçoeira de cruz pesada e dor. O sereno percorria a madrugada afora, espantava o sono e nos motivava ao choro e ao percurso tenebroso de tão grande tristeza.
Foi muito difícil, foi muito triste! Nunca se perdera tantos amigos de uma só vez. Uma dor forte que o decorrer do tempo não conseguiu silenciar.
O presente momento aguça de forma precisa o sentimento das relações estabelecidas, sentidas, correspondidas e vividas até aquele fatídico momento.
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