Mulher que concluiu EJA retorna aos 62 anos como professora na mesma escola

Educação

Deuza Maria da Silva, de 62 anos, natural de Feira de Santana-BA, alcançou um feito notável ao se formar no programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA) e, posteriormente, tornar-se professora na mesma escola onde havia retomado seus estudos.

Desde sua infância até os 15 anos, Deuza enfrentou a ausência de acesso à educação, mas manteve a aspiração de se tornar educadora. Atualmente, leciona na Escola Municipal Ernestina Carneiro e ocupa também uma função na Secretaria dos Conselhos Municipais de Educação e Alimentação Escolar, destacando sua trajetória de transformação e dedicação.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,6 milhões de brasileiros enfrentam dificuldades para ler e escrever. Esses números não contemplam os chamados analfabetos funcionais, que possuem limitações além da escrita do próprio nome.

O EJA, programa voltado para pessoas acima de 15 anos que desejam concluir o Ensino Fundamental e Médio, se apresenta como uma oportunidade de aprendizado para essa parcela da população. Para Deuza, o EJA foi um ponto de virada significativo em sua vida. “Não importa quantos anos você tenha, nem quando você parou de estudar, o importante é recomeçar sempre”, ressalta a professora.

Originária de Piritiba, na Bahia, Deuza não teve acesso à educação até os 15 anos. Ela recorda que “de vez em quando brincava de estudar, mas nunca tinha ido a uma escola”. Aos 16 anos, ao mudar-se para Feira de Santana, ela optou por ingressar no EJA para concluir o Ensino Fundamental. No entanto, ao chegar no Ensino Médio, suas responsabilidades familiares a levaram a interromper seus estudos. A maternidade, em especial o cuidado com uma filha com deficiência, postergou novamente seu sonho de se tornar professora. Aos 25 anos, Deuza retornou à escola e concluiu o Ensino Médio, enxergando sua própria jornada nos olhos de seus alunos.

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Deuza reitera a importância de enfrentar obstáculos e usar as dificuldades como impulso para buscar conhecimento. “É importante usar cada ponto negativo da sua vida como um degrau para você subir em busca de conhecimento, porque é ele que vai te dar a condição para ter uma vida digna”, afirma.

Em 2005, após o falecimento de sua filha, Deuza transformou sua dor em motivação para perseguir seu sonho. Com 47 anos, em 2007, ela conquistou uma pontuação satisfatória no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ingressou em um curso de Pedagogia com bolsa integral. Apesar de ser a estudante mais velha de sua turma, ela não se deixou abater e continuou sua trajetória acadêmica, concluindo licenciatura em Letras e realizando uma especialização.

Em 2022, aos 62 anos, Deuza foi integrada ao corpo docente da Rede Municipal de Feira através do Regime Especial de Direito Administrativo (Reda). Ela compartilha seus planos futuros, expressando o desejo de prosseguir para o mestrado e continuar inspirando outros a perceberem que a educação é uma ferramenta poderosa para realizar sonhos.

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