Médico se diz agredido por funcionário da Gol

Polícia

O cirurgião pediátrico Zacharias Calil, que trabalha no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia, afirma que foi agredido por um funcionário da companhia aérea Gol, quando tentava viajar do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão) para a capital goiana. Em entrevista ao G1, ele conta que a confusão aconteceu no portão de embarque, quando os passageiros pediam informações sobre o voo G3 9038, que estava atrasado. O médico filmou um bate-boca entre um funcionário e clientes  e afirma que o atendente segurou o seu braço com força.

“A partida estava marcada para as 22h05 de domingo (15), mas nenhuma informação sobre o voo aparecia nos painéis eletrônicos. Eu estava acompanhado da minha esposa e filha e muita gente tentava saber o que acontecia no guichê da empresa, mas ninguém falava nada. Foi quando eu vi um funcionário destratar um passageiro e comecei a filmar”, conta o cirurgião.

Em nota enviada ao G1, a Gol disse lamentar o ocorrido e informou que o voo G3 9038, que operaria o trecho Galeão/Rio de Janeiro para Goiânia, no domingo, foi cancelado devido a “manutenção não programada para ajustes no equipamento de navegação da aeronave”. A empresa pediu desculpas pelo desconforto causado pelo cancelamento do voo. Sobre a gravação feita pelo cliente, a companhia afirma que vai analisá-las, investigar o que ocorreu e tomará as medidas cabíveis.

Nas imagens, o funcionário aparece inicialmente calado, sem responder às solicitações dos clientes. Calil se aproxima e informa que é médico e que tem uma cirurgia agendada para as 7h de segunda-feira (16), mas segue sem resposta sobre o voo.

Segundo Calil, ao perceber que estava sendo filmado, o funcionário da Gol teria ficado irritado. “Ele começou a falar palavrões e veio na minha direção. Tomou o celular da minha mão e segurou com força no meu braço. Eu disse que ele não podia fazer aquilo e que não era uma conduta adequada, mas ele continuou batendo boca, não apenas comigo, mas com outras pessoas que estavam lá”, relata. Nesse momento, a filmagem para e em seguida é retomada, já quando clientes e o funcionário discutem.

“Ele chegou a retirar o celular da minha mão e confiscou, pois eu disse que iria divulgar a má qualidade dos serviços prestados. Quando eu disse que iria chamar a polícia, ele acabou me devolvendo e eu retomei a gravação. Mas ele continuou xingando sem se intimidar. Todos ficamos estarrecidos com a atitude dele”, ressaltou o médico.

Outros problemas Calil afirma que, após a confusão, a companhia aérea só informou que o voo havia sido cancelado por volta da meia-noite. “Foi quando eles nos mandaram para uma fila gigantesca para pegar o voucher do hotel, pois nosso voo tinha sido remanejado para o dia seguinte, às 13h”, lembra.

Depois disso, o médico diz que chegou ao hotel por volta da 1h30. “Nos disseram que teríamos direito ao jantar, mas quando chegamos ao local estavam disponíveis apenas sanduíches congelados. E o pior é que gastamos mais 40 minutos para conseguir a refeição”, reclama.

Quando finalmente voltou ao aeroporto para embarcar para Goiânia, Calil lembra que teve outra surpresa. “O voo que eu comprei era direto, sem escalas. Mas me mandaram para São Paulo, para só depois seguir para casa, onde cheguei após as 15h. Isso me prejudicou muito, pois além de não conseguir realizar a cirurgia, ainda deixei de atender 18 pacientes da rede pública que estavam agendados”, afirma o cirurgião.

Além da cirurgia, o médico diz que precisava estar na capital para receber as gêmeas siamesas que nasceram em Mato Grosso do Sul e que foram transferidas na segunda-feira para o HMI. “Eu tinha urgência em voltar, pois o caso delas é grave. Eu cheguei a informar os funcionários da Gol sobre isso e pedi para me colocarem em um voo de outra companhia, mas apenas me disseram que isso não seria possível”, diz.

Calil explica que não registrou boletim de ocorrência sobre o caso, mas lamenta a situação vivida. “Nunca pensei em ver um descaso tão grande. Não era apenas eu que estava lá aguardando sem nenhuma informação, mas tinham mães com bebês, idosos, pessoas com deficiência. Os funcionários precisam ser mais treinados para lidar com o público, pois isso é inaceitável”, concluiu Calil.

Sobre a demora no atendimento, a Gol informou que, “com o objetivo de evitar um longo tempo de espera no aeroporto, prestou o atendimento necessário previsto na Resolução 141 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que prevê hospedagem, transporte e alimentação para os clientes”.

Segundo a companhia, “tendo em vista o horário em que os clientes foram para o hotel, após as 23h, o serviço de refeição já não estaria disponível. A equipe do aeroporto teve o cuidado de avisar a todos que solicitassem a refeição no aeroporto, concedida pela companhia, para não se restringirem às opções de lanche do hotel”, destacou e nota.

A Gol ainda explicou que “os clientes foram reacomodados nos próximos voos da companhia na segunda-feira. Considerando que, nesta rota, o voo cancelado (G3 9038) não é diário e é o único que opera de forma direta entre as duas capitais, os voos para reacomodação tinham escala ou conexão”.

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