O cantor de funk Francisco Wanderson Mendes, de 31 anos, conhecido como “MC Dym”, compartilhou uma foto de dentro do avião momentos antes de ser surpreendido por uma equipe policial e preso ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Fortaleza, na manhã dessa sexta-feira (23). O artista, que chegava para uma série de apresentações no Ceará, não imaginava que sua viagem terminaria com uma detenção.
A viagem para shows e a surpresa no desembarque
MC Dym havia viajado do Rio de Janeiro com destino ao Ceará, onde tinha uma agenda de dois shows. O primeiro estava programado para a própria sexta-feira (23), em Fortaleza, e o segundo ocorreria no sábado (24), na cidade de Acaraú, a 237 quilômetros da capital cearense.
Durante o voo, o funkeiro chegou a fazer uma postagem em suas redes sociais, registrando um momento aparentemente tranquilo. Contudo, ao pisar em solo cearense, foi abordado e detido por equipes do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO).
Investigação Aponta Ligação com Facção Criminosa
A prisão de MC Dym não foi um fato isolado. Ele é investigado no âmbito da mesma operação policial que resultou na captura de outro funkeiro, MC Dick, e de outras 18 pessoas supostamente envolvidas com uma facção criminosa de origem carioca atuante no estado. Contra MC Dym, havia um mandado de prisão em aberto pelo crime de integrar organização criminosa.
Músicas como Ferramenta de Promoção do Crime, diz Polícia
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Márcio Gutiérrez, tanto MC Dym quanto MC Dick tinham um papel específico dentro do esquema criminoso: promover a facção Comando Vermelho por meio de suas músicas. “O papel deles dentro dessa organização criminosa era exatamente promover essa facção criminosa, romantizar o crime organizado e, com isso, buscar que novos jovens, novas pessoas integrassem aquele grupo”, declarou Gutiérrez.
O delegado-geral ressaltou ainda que os artistas demonstravam conhecimento da dinâmica da facção e de quem deveria ser exaltado em suas canções. “Eles faziam um trabalho muito minucioso de saber peculiaridades locais, entender a dinâmica do crime, para construir essas músicas, para enfatizar criminosos específicos, para enfatizar grupos específicos dentro dessa facção”, afirmou Gutiérrez.
Quem é MC Dym
Natural do Rio de Janeiro, MC Dym, de 31 anos, possui uma base considerável de seguidores, com mais de 40 mil em suas redes sociais e cerca de 4.500 ouvintes mensais em uma conhecida plataforma de música. Casado e pai, ele costumava compartilhar com seus seguidores tanto seu cotidiano quanto suas produções musicais, que, segundo a investigação, exaltam atividades criminosas do Comando Vermelho. Em muitas de suas fotos, o funkeiro aparece fazendo o número dois com as mãos, um símbolo associado ao grupo criminoso. Uma de suas letras diz: “Se tentar pegar o bonde, é bala”.
MC Dick e a Operação Nocaute II
Carlos Eduardo de Almeida Pires, o “MC Dick”, de 27 anos, também carioca, foi preso na mesma operação. Suas músicas igualmente fazem apologia ao crime, exaltando o Comando Vermelho e contendo ameaças à polícia e a grupos rivais. Ele alcança mais de 2 mil ouvintes mensais em plataformas de streaming. Um trecho de sua música “X9 nós cancela” exemplifica o tom de suas canções: “Toda semana os ‘cana’ tenta e a bala voa. Nós é o CV. […] Para os ‘alemão’ tem muita glock e muita munição”.
A “Operação Nocaute II”, responsável pelas prisões, visa identificar e prender suspeitos de envolvimento com organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). Além dos funkeiros, outros 18 suspeitos foram capturados na ação, que cumpriu mandados em Fortaleza e na cidade de Itarema. Seis dos presos já se encontravam em unidades prisionais. Durante a ofensiva, foram apreendidos veículos e aparelhos celulares, e a polícia solicitou o bloqueio de até R$ 20 milhões das contas dos investigados.
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Com informações do g1
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