A maioria dos profissionais alegou motivos pessoais para desistir da vaga. Teve quem passou em concurso público, quem preferiu seguir clinicando de forma particular e ainda quem não obteve autorização do Exército para mudar de cidade. Já os faltantes de ontem terão de se explicar ao gestor municipal responsável se quiserem continuar no programa e ainda negociar com eles a compensação dos dias não trabalhados.
O Ministério da Saúde informou que os profissionais têm até o dia 12 para garantir o emprego, que paga salário mensal de R$ 10 mil, além de auxílios moradia e alimentação. O governo não quis comentar um possível novo boicote da classe médica ao programa. Já as prefeituras negociam datas diretamente com os profissionais selecionados, a fim de não perdê-los.
Dos 27 municípios do Estado de São Paulo contemplados nessa primeira fase, seis tinham previsão de receber apenas brasileiros. Da lista, Santa Barbara d’Oeste já foi comunicada oficialmente que o médico que atenderia na cidade desistiu. Santo André e Ribeirão Pires ainda esperam pela chegada dos profissionais.
Em Campinas, dos cinco médicos que se apresentariam, dois desistiram em cima da hora. Um deles avisou no domingo que não aceitaria a vaga porque pretendia trabalhar na sua área de especialização, que é psiquiatria. O outro não informou o motivo. Os contratados vão atuar no atendimento básico, como generalistas.
"Infelizmente são só três colegas. Campinas tem lutado por mais médicos na rede. Esse ano já fizemos um concurso público e dois chamamentos públicos. A carência de médicos na rede pública é uma realidade", disse o secretário municipal de Saúde, Carmino de Souza, que montou um curso de dois dias para os três novos médicos da cidade conhecerem o sistema.
Atendimento
Seja pela necessidade de capacitação ou pela exigência de documentos, a maioria dos médicos que se apresentou nesta segunda-feira não iniciou o atendimento. Em São Bernardo, no ABC Paulista, os usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) Batistini, aguardam otimistas pelo início do trabalho da nova médica, Kátia Regina Marquinis, de 39 anos.
"As consultas aqui são demoradas e, às vezes, falta orientação enquanto esperamos", disse Francisca Lopes, de 42 anos. A cozinheira acredita que o programa federal pode ajudar a melhorar o atendimento no posto. Kátia deve começar a clinicar ainda nesta semana. Itatiba e Arujá são exceções à lista. Em ambas as cidades, médicos pagos pelo governo federal já atenderam a população.
Parte dos profissionais vai compor equipes de saúde da família existentes, mas inoperantes. É o caso de Carapicuíba, na Grande São Paulo. A UBS do Jardim Capriotti, por exemplo, foi inaugurada há quatro meses, mas até agora não recebeu médico. Ontem, porém, somente um dos quatro brasileiros esperados no município se apresentou. Na capital, a proporção é inversa. Apenas um dos seis selecionados não manifestou interesse pela vaga.
Ao todo, 1.096 brasileiros se comprometeram a trabalhar no programa. Para confirmar o início do trabalho, eles têm de apresentar seus documentos pessoais, além do diploma, registro profissional e termo de adesão devidamente assinado. "Os profissionais que estão chegando farão a diferença na vida de 4 milhões de brasileiros. Esses médicos são os pioneiros no programa, que está apenas começando e terá fluxo contínuo", afirmou ontem o ministro Alexandre Padilha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.