Lulinha citado em operação da PF sobre fraudes na Previdência
A Polícia Federal, no âmbito da Operação Sem Desconto, identificou menções diretas a Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações, inicialmente divulgadas pelo jornal Poder360, apontam para a presença do nome de Lulinha em materiais apreendidos com suspeitos de fraudar a Previdência Social.
Uma agenda confiscada na primeira fase da operação, em abril, continha a anotação “Fábio (filho Lula)” associada a detalhes sobre credenciais para um camarote de show em Brasília e um flat de luxo. A nova fase da operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e deflagrada na última quinta-feira (18), traz à tona diálogos que reforçam a proximidade entre os investigados e o filho mais velho do presidente.
Diálogos e o Enigma do Envelope
Documentos da PF destacam uma conversa crucial ocorrida em 29 de abril de 2024, dias após a deflagração da primeira fase do inquérito. Nela, a empresária e lobista Roberta Luchsinger alertou Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, sobre a apreensão de um “envelope com nome do nosso amigo”. Careca reagiu com “Putz”.
Relatórios da Polícia Federal indicam que o envelope continha ingressos para um evento na capital federal. As anotações na agenda apreendida detalham: “Mínimas informações possíveis. CPF – Fábio (filho Lula). Terça a quinta-feira. 03 a 05/12”, com referências para retirada de credenciais, solidificando a ligação com Lulinha.
Conexões financeiras e acusações de tráfico de influência
A investigação aponta Roberta Luchsinger como um elo central entre Lulinha e o “Careca do INSS”, este último considerado o operador de um esquema de descontos indevidos em aposentadorias. Roberta teria chegado a aconselhar Careca a se desfazer de seus telefones celulares para ocultar provas, uma sugestão que ele afirmou já ter acatado.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou que Roberta Luchsinger recebeu R$ 1,5 milhão de Antônio Carlos, fracionados em cinco transferências de R$ 300 mil. A decisão do Supremo Tribunal Federal menciona que tais valores teriam como destino o “filho do rapaz”, em alusão direta a Fábio Luís Lula da Silva. Para a Polícia Federal, a relação entre Roberta e Careca não era de subordinação, mas sim de uma “atuação societária” focada no tráfico de influência, prática tipificada no Código Penal. Essa parceria teria se intensificado no final de 2024, período em que as fraudes contra aposentados teriam atingido seu auge de arrecadação.
Divergência interna na Polícia Federal
O avanço das investigações contra o filho do presidente gerou uma divisão interna na Polícia Federal. Uma ala defende o aprofundamento imediato para esclarecer o grau de envolvimento de Fábio Luís. Outro grupo, tido como mais alinhado ao Planalto, argumenta que os indícios são frágeis e que o uso de nomes de pessoas influentes é comum para simular prestígio, sem que haja participação real do citado.
Até o momento, o entendimento predominante é de que não há provas de participação direta de Lulinha na execução das fraudes previdenciárias, mas sua proximidade com os operadores do esquema justifica a continuidade das apurações que buscam esclarecer as fraudes envolvendo Lulinha e o INSS.
As defesas e o posicionamento do presidente
Procurada, a defesa de Roberta Luchsinger, por meio do advogado Bruno Salles, alegou que as mensagens estão descontextualizadas e que os negócios com a empresa de Antônio Carlos se restringiram a tratativas iniciais no setor de canabidiol, sem qualquer ligação com o INSS. Sobre Lulinha, a defesa reiterou que a relação é de amizade pessoal e viagens conjuntas.
Marco Aurélio de Carvalho, advogado e amigo de Fábio Luís, declarou que o filho do presidente não é alvo formal da investigação e classificou as menções a ele como “fofocas e vilanias” com o objetivo de desgastar o governo. Ele ainda cobrou investigação sobre os vazamentos do inquérito.
Questionado sobre o caso na quinta-feira (18), o presidente Lula afirmou que “ninguém ficará livre” das investigações, incluindo seus filhos ou ministros, caso haja comprovação de irregularidades, reforçando a seriedade da investigação da PF sobre a fraude no INSS.
Com informações da Jovem Pan
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