O Ministério da Educação da Itália oficializou a proibição do uso da linguagem neutra nas escolas públicas do país. A medida, anunciada nesta sexta-feira (21), veta o uso de símbolos como o asterisco (*) e o schwa (ə). A decisão do governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, ocorre em um contexto de debate sobre o sexismo na linguagem e a busca por formas mais inclusivas de comunicação, e ecoa uma medida similar adotada pela França.
A justificativa principal do Ministério da Educação da Itália para a proibição reside na alegação de que o uso desses sinais gráficos não está em conformidade com as normas linguísticas do italiano e pode comprometer a clareza e a uniformidade da comunicação institucional. Em nota oficial, o ministério argumentou que essas formas alternativas de escrita prejudicam a inteligibilidade dos textos e promovem alterações ideológicas na estrutura da língua. Essa postura se alinha com a agenda conservadora do governo Meloni, que tem defendido os valores tradicionais e a identidade nacional desde que assumiu o poder em 2022. Um exemplo citado foi a exigência de que seu título oficial fosse precedido pelo artigo masculino “il”.
A decisão italiana de proibir a linguagem de gênero neutro nas escolas segue um movimento similar na França. Em outubro de 2022, o governo francês também proibiu o uso da escrita inclusiva na educação nacional, reacendendo o debate nas sociedades europeias sobre o sexismo da linguagem.
Na Itália, a proposta de alternativas neutras, como o uso do schwa (símbolo fonético para uma vogal neutra) e do asterisco, visava tornar a linguagem mais inclusiva e representativa de identidades não binárias. No entanto, essa iniciativa encontrou resistência. A Accademia della Crusca, principal referência linguística do país, já havia se manifestado contra a oficialização desses símbolos em documentos oficiais, argumentando que dificultam a compreensão e não contribuem para a evolução natural da língua.
A proibição da linguagem inclusiva nas escolas italianas tem gerado um debate acalorado. Opositores argumentam que a medida ignora avanços sociais e reforça padrões excludentes. Educadores e parte do meio acadêmico também reagiram, destacando que a língua deve acompanhar as transformações sociais. Por outro lado, defensores da proibição enfatizam a importância de preservar a pureza e a clareza do idioma italiano. A medida, por ora, se aplica apenas ao sistema educacional, mas especialistas alertam que pode abrir precedentes para outras esferas da administração pública.

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