O último capítulo de “G3R4ÇÃO BR4S1L” foi mais que uma agradável surpresa, ainda que novela de Izabel de Oliveira e Filipe Miguez tenha sofrido duras críticas nas redes sociais ao longo da trama. Com temática altamente tecnológica e recursos de linguagem que podem ter causado certo estranhamento – e até rejeição -, o folhetim ressaltou a importância do amor e da tolerância na cena final, com uma cena emocionante de Brian Benson (Lázaro Ramos) abençoando a pequena Maria Antonia no ventre de Verônica (Taís Araújo), filha do casal de atores fora da ficção.
Por abordar a realidade um tanto “fria” que é o mundo tecnológico, “Geração Brasil” chegou ao fim não tão querida quanto “Cheias de Charme”, a primeira obra de seus autores. Após um início impactante e por que não dizer arrebatador, a história passou alguns capítulos praticamente fora do ar, com pílulas de apenas 3 minutos durante a Copa do Mundo, e após o retorno teve dificuldades de engatar novamente a trama, o que demandou alguns ajustes que não funcionaram tão bem como as semanas iniciais.
A sofisticação dramatúrgica de Izabel e Filipe pôde ser percebida nas muitas citações, uso de metalinguagem e referências nem sempre perceptíveis com facilidade. É provável que esta seja a novela que mais teve intertextualidade e conversou com mais produtos de mídia de diferentes universos. Desde trechos de letras de música na fala dos personagens, passando por ícones do mundo geek, filosofias alternativas exotéricas, cultura coreana e até o transumanismo – um projeto da biotecnologia, neurotecnologia e nanotecnologia -, ainda pouco conhecido na vida real; teve de tudo um pouco.
Isso proporcionou muitas cenas incríveis como por exemplo Gláucia (Renata Sorrah) nesse último capítulo dizendo “Eu não sou vilã de novela”. Como não lembrar imediatamente de Nazaré Tedesco? Ironia fina. Houve momentos em que a obra chegou a ser acusada de plágio, como uma cena em que Verônica encontrou Aroeira (Oscar Magrini) sentado em uma cadeira de rodas, se comunicando através de uma campainha. Muita gente se manifestou através do Twitter para dizer que era uma cópia de uma cena do seriado “Breaking Bad”. Contudo, mais à frente na história o próprio Aroeira admitiu que havia se inspirado na série para se esquivar do interrogatório.
Questões como essa e a humanização exacerbada de alguns personagens que oscilaram entre o estereótipo de mocinho e vilão podem ter sido a razão de a novela não repetir o sucesso que foi “Cheias de Charme”. Além é claro, de toda a expectativa que as Empreguetes deixaram como legado para sua trama sucessora, que já estreou com a responsabilidade de repetir o feito.
Elenco apresentou atuações muito boas e inspiradoras
Dentre os muitos acertos da obra, o elenco certamente é um dos mais expressivos. As co-protagonistas Taís Araújo e Cláudia Abreu apresentaram e desenvolveram de maneira irretocável suas mocinhas (cada uma a seu modo). E os deliciosos personagens coadjuvantes como Shin/Chang (Rodrigo Pandolfo), Ernesto (Felipe Abib) e a diva Dortohy (Luís Miranda) também tiveram momentos especiais e puderam mostrar seus respectivos talentos. Além deles, há que se destacar Débora Lamm, brilhante em cada cena de Edna, que poderia ter sido só uma “escada” para Verônica, mas foi muito mais que isso.
O elenco jovem também esteve muito bem. A carismática Megan de Isabelle Drummond conquistou muitos fãs que torceram até o fim pelo casal apelidado de “Megavi”, mas se decepcionaram quando a loira ficou com Arthur (Dudu Azevedo). Chandelly Braz e Humberto Carrão seguraram muito bem o casal protagonista, apesar da rejeição em torno de Manuela e Davi e sua conturbada história de amor.
Mesmo com tanta inovação ao longo da trama, no desfecho não faltaram alguns dos recursos característicos de último capítulo: sequestro, nascimento de bebês, julgamento, prisão, declarações de amor, grávidas… O tipo de coisa que, quando não tem, há quem reclame e diga “nem parece final de novela”.
A surpresa ficou por conta da ótima solução encontrada para o amor não correspondido de Batara (Leandro Hassum) por Verônica: colocaram a mesma atriz para interpretar uma prima mais voluptuosa da jornalista. Há que se dar o mérito e ressaltar que Veruska já havia sido citada anteriormente no história, não apareceu do nada, mais um ponto para o refinamento da dramaturgia. A escolha foi melhor que a possibilidade de o dono do varejão se ter o seu final feliz com Edna, por exemplo, já que seria pouco coerente o personagem se curar milagrosamente da obsessão que alimentou pela Garota do Barata desde o primeiro capítulo.
Por fim, quatro anos depois, Jonas Marra (Murilo Benício) – o anti-herói que quase foi vilão, cumpriu sua pena e se redimiu. Já o justiceiro Herval (Ricardo Tozzi), que começou mocinho e se tornou o grande malvado da história, foi condenado à prisão perpétua, completamente agarrado à sua nociva sede de vingança.
E assim, cada casal encontrou o seu “felizes para sempre”. Com destaque para a tocante cena em Brian se ajoelhou com as mãos na barriga de Verônica e discursou sua bênção sobre Maria Antonia, falando de amor e de um mundo melhor no futuro, com menos preconceito e mais tolerância. Difícil não se emocionar sabendo que Lázaro estava ali, em cena, abençoando a própria filha ainda no ventre de sua mulher.
Um encerramento interessante para uma novela que se propôs a falar de tecnologia, abordou temas atualíssimos e importantes como os trangêneros, o ensino de código e a privacidade de imagens na rede e que chega ao fim deixando a mensagem que reflete o tema central e fundamental de todo folhetim: o amor.
Fonte:MSN
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