Em um desdobramento da Operação Reset, que investiga um esquema de cancelamento ilegal de multas de trânsito, o ex-servidor comissionado da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) de Teresina, Lucas da Rocha Lima, se apresentou à Polícia Civil nesta sexta-feira (25) e foi preso. Ele era considerado foragido após a Justiça expedir um mandado de prisão temporária contra ele. Segundo a investigação, Lima era responsável por ordenar a funcionários terceirizados que apagassem, ilegalmente, multas na capital piauiense.
A investigação, conduzida pelo Departamento Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), teve início após uma denúncia anônima que apontava o envolvimento de gestores e funcionários da Strans na exclusão indevida de multas entre fevereiro e junho de 2024. Uma auditoria interna da superintendência identificou a exclusão de 2.215 multas de forma ilegal, sendo cerca de 400 apagadas após o horário de expediente. O prejuízo estimado aos cofres municipais é de mais de R$ 503 mil, embora a Strans tenha determinado que as notificações voltem a ser cobradas.
Alvos da Operação Reset em Teresina
A Operação Reset foi deflagrada na quarta-feira (23) e mirou três investigados: Lucas da Rocha Lima, o ex-superintendente da Strans Bruno Pessoa, e o ex-gerente de Gestão de Trânsito da Strans, Daniel Araújo. O papel dos ex-gestores, conforme o Deccor, era determinar quais multas, de pessoas ligadas a eles ou apadrinhadas por autoridades, deveriam ser excluídas. Os funcionários terceirizados, por sua vez, formavam o grupo que acessava o sistema da Strans para cancelar as notificações. O delegado Ferdinando Martins, coordenador do Deccor, afirmou que Lucas Rocha atuava tanto diretamente na exclusão das multas quanto ordenava aos terceirizados que as fizessem por ordens dos gestores.
Multas canceladas na Strans
As multas canceladas na Strans eram de diversas naturezas, como estacionamento irregular, ultrapassar sinal vermelho e uso de celular ao volante. Os métodos para apagar as multas incluíam a abertura de processo eletrônico no sistema da Strans ou o recebimento de ordens informais, às vezes por meio de bilhetes, sem um processo formal.
Medidas aplicadas | Buscas e apreensões em Teresina
Bruno Pessoa e Daniel Araújo estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica, e a polícia realizou buscas e apreensões em suas residências em Teresina, periciando seus celulares. Até o início da tarde de sexta-feira (25), Daniel ainda não havia comparecido para a instalação da tornozeleira.
Os investigados podem responder por exclusão indevida de dados em sistema público, com pena que pode chegar a 12 anos de prisão, além de associação criminosa e outros crimes relacionados. A Polícia Civil continua investigando se parlamentares e outras autoridades se beneficiaram da fraude, buscando esclarecer eventual participação de superiores e ordens políticas nos atos ilícitos.

