O ministro Guido Mantega (Fazenda) pode definir hoje com a presidente Dilma Rousseff a pendência em torno do pedido feito pela Petrobras de criar uma nova política de reajuste dos preços da gasolina e do diesel.
Segundo a Folha apurou, a tendência do governo é conceder um aumento ainda neste ano, deixando para 2014 a decisão sobre uma fórmula para dar previsibilidade à geração de caixa da estatal.
O assunto foi discutido ontem à tarde pelo ministro Guido Mantega e a presidente da Petrobras, Graça Foster.
O encontro estava sendo solicitado havia semanas por Graça para acelerar a decisão. Segundo assessores, a empresa não pode mais esperar, diante do aumento de custo na importação de combustíveis, agravado pela valorização do dólar.
Amanhã, Graça vai participar da reunião do conselho de administração da Petrobras, presidido por Mantega, quando deve ser oficializada a decisão do governo sobre o reajuste de combustíveis.
A expectativa é que seja concedido um aumento na casa de 5% para gasolina e de 10% para o diesel.
Segundo a Folha antecipou, a presidente resiste à ideia de criar uma fórmula de reajuste automático com base nas variações do dólar e do preço do barril de petróleo no mercado internacional.
Dilma e Mantega temem que um gatilho para os combustíveis gere uma indexação em outros setores da economia, que passariam a reajustar seus preços de acordo com a fórmula da estatal.
Dilma também não concorda em repassar totalmente para o mercado interno variações de preços praticados no exterior. Isso poderia colocar em risco o controle da inflação, uma das principais metas da presidente Dilma no próximo ano, quando ela vai tentar a reeleição.
Neste ano, a alta da inflação teve impacto negativo na popularidade da petista.
A resistência da presidente e de Mantega em atender o pedido da Petrobras afetou o valor das ações da estatal anteontem, quando houve queda de 6,29%.
Ontem, a queda das ações preferenciais (sem direito a voto) da empresa, as mais negociadas, foi de 0,58%.
A estatal passou a reivindicar reajuste automático depois de passar os últimos anos com seus preços represados pelo governo como medida de combate à inflação.
Essa política prejudicou o caixa da empresa, o que dificulta a execução de seus investimentos, principalmente na exploração do pré-sal.