Congresso brasileiro enfraquece ministérios ambientais e indígenas

Congresso brasileiro enfraquece ministérios ambientais e indígenas

Internacional

A medida marca um revés para o esforço do presidente Lula da Silva para proteger os direitos indígenas e conter o desmatamento da Amazônia.

O Congresso de maioria conservadora do Brasil votou para reduzir a autoridade de dois ministérios dedicados a defender os direitos indígenas e proteger o meio ambiente, após a oposição da poderosa indústria do agronegócio do país sul-americano.

Em uma votação de 51 a 9 no Senado na quinta-feira, os legisladores brasileiros moveram-se para destituir o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de alguns de seus poderes. A medida foi aprovada facilmente na Câmara dos Deputados um dia antes.

Contrariando o que chamou de “constrangimentos do agronegócio que podem prejudicar as exportações”, o senador Carlos Viana disse na votação desta quinta-feira que “os principais pontos [of the caucus] foram abordados”.

A votação marca um revés para o presidente brasileiro de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu colocar os direitos indígenas e a batalha contra a mudança climática no centro das atenções após anos de negligência sob seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro.

Defensores indígenas e ambientais esperavam que a vitória eleitoral de Lula no ano passado aumentasse suas fortunas após o mandato de Bolsonaro. cujo governo foi responsabilizado pelo desmatamento recorde e pela violência contra os povos indígenas.

Mas a votação de quinta-feira destacou o poder de permanência política da indústria do agronegócio brasileiro, e os críticos expressaram frustração com o que viram como um esforço sem brilho da parte de Lula para combater os cortes.

As mudanças impedem o Ministério dos Povos Indígenas de legalizar os limites de novos territórios indígenas e impedem o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de administrar um registro de propriedade – uma ferramenta central para rastrear o desmatamento e gerenciar os recursos hídricos.

Reverter tais autoridades representa um grande sucesso para o “caucus da carne” do Brasil, que está intimamente alinhado com as grandes indústrias de gado e agricultura do país que constituíam elementos-chave do eleitorado de Bolsonaro.

A bancada se opõe à legalização de mais terras indígenas, bem como a qualquer medida de controle do desmatamento.

Durante o governo Bolsonaro, o desmatamento na seção brasileira da floresta amazônica atingiu novos patamares vertiginosos, à medida que os interesses do agronegócio e empresas comerciais ilícitas expandiram suas operações na região.

Grupos de vigilância dizem que o governo em grande parte fez vista grossa e as comunidades indígenas foram frequentemente sujeitas a violência e abuso.

Na terça-feira, os defensores dos direitos indígenas sofreram outro revés quando a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe o estabelecimento de reservas indígenas em terras onde não existiam em 1988, quando a atual Constituição foi adotada.

Grupos indígenas argumentam que o corte viola seus direitos, já que muitos foram expulsos de suas terras ancestrais, especialmente durante a ditadura militar brasileira de 1964-1985.

Em uma postagem no Twitter na quinta-feira, o grupo de direitos indígenas Survival International chamou esse projeto de lei de “um beijo da morte para os povos indígenas do Brasil e seus territórios altamente biodiversos”.


Com informações do site Al Jazeera

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